O crescimento econômico é uma
construção de longo prazo. O Brasil tem crescido pouco desde 1980. Imaginamos
que o controle da inflação, desde o Plano Real, pudesse abrir as portas para
uma nova era. Entretanto, a última década foi terrivelmente frustrante. Paramos
de vez.
Para sair de um buraco, primeiro é preciso parar de cavar. Por isso, para
voltar a crescer, antes de tudo precisamos deixar de apostar em ações
fracassadas.
Não é possível crescer com base em recursos derivados de atividades ilegais. O
maior exemplo atual é o que ocorre na Amazônia: grilagem de terras, extração e
exportação de madeira vinda de áreas públicas ou com documentos ilegais ou
garimpos em áreas invadidas. A Região Norte não crescerá com essa base.
Transferências para segmentos e regiões mais pobres têm mesmo de ocorrer, mas
têm de ter propósito: bolsa-escola, médico de família, desenvolvimento da
bioeconomia, recuperação florestal, pagamentos por serviços ambientais,
pagamentos por serviços comunitários e tantos outros.
Não é possível crescer com projetos inviáveis técnica e economicamente. A lista
aqui é enorme. Um exemplo é a indústria naval. Outra é a obrigatoriedade de
construir gasodutos e térmicas a gás em regiões sem o gás e sem grande consumo
de energia (como está na atual lei sobre a Eletrobrás). Os experimentos
fracassados de Ceitec e Unitec, que deveriam fabricar chips, são ilustrativos
também.
Também é evidente que projetos decorrentes de voluntarismo político e corrupção emperram
o crescimento. As refinarias Abreu e Lima e Compeij torraram mais de US$ 30
bilhões sem retorno. Ao mesmo tempo, o Tribunal de Contas da União apontou
a existência de algumas milhares de obras públicas federais inacabadas. O atual
sistema de 'emendas do relator' é mais um passo para gastar recursos em
projetos paroquiais, no mais das vezes sem contribuição relevante para o
crescimento ou com retornos sociais modestos. O processo de construção de um
Orçamento com propósitos sensatos foi totalmente destruído na atual gestão.
Não se cresce com instituições fracas e capturadas por lobbies e outros grupos
de interesse, como é largamente comprovado na literatura econômica. O nome da
Codevasf, que agora cuida até do Amapá, vem imediatamente à mente.
Na mesma direção, inúmeras representações empresariais acabaram por se
transformar em instrumentos de obtenção de vantagens do governo federal e do
Congresso, com pouca preocupação com a evolução da inovação, produtividade e
competitividade das empresas.
Precisamos nos concentrar em desenvolvimento, reformas e ações que possam,
de fato, trazer de volta o crescimento econômico.
Infelizmente, a política econômica atual pouco avança nesses quesitos, e é por
isso que as projeções de crescimento para 2022 e adiante não passam de
medíocres 2%.
A desarticulada proposta da atual reforma tributária é mais um exemplo do que
não deve ser feito: foi jogada no Congresso, e é seguro que sairá algo
desfigurado, mantendo nosso sistema tributário complexo, caro e confuso.
A competitividade e viabilidade da economia têm de ser construídas passo a
passo, numa perspectiva de longo prazo, partindo da criação de conhecimento,
instituições e desenvolvimento tecnológico. O exemplo do agronegócio
é o mais evidente à mão. Já está largamente comprovado que o setor vai adiante
com duas bases muito sólidas: constante desenvolvimento tecnológico,
base de sua competitividade, e uma participação intensa nas cadeias
internacionais de suprimento agrícola. O investimento em educação
especializada, técnica e superior, a força do sistema cooperativo e do crédito
especializado também têm sido fatores relevantes.
Por outro lado, nossa indústria está encolhendo, fechada em seu protecionismo e
é cada vez menos competitiva. Ao mesmo tempo, é possível conhecer muitas
empresas bem-sucedidas nestes últimos anos. Na maioria dos casos que conheço
ocorreu algo muito semelhante ao já observado sobre o agronegócio: são empresas
antes de tudo preocupadas com inovação e produtividade e, ao mesmo tempo, que
buscam se colocar no mundo,participando das cadeias globais, criando músculos
para superar as deficiências do custo Brasil.
Só voltaremos a crescer de forma sustentada se esses sucessos forem mais
generalizados.
Jose Roberto Mendonça de Barros
, O Estado de S. Paulo
- - - - - - -
|
Para saber mais sobre o livro, clique aqui. |
|
Para saber mais sobre o livro, clique aqui. |
|
Para saber mais sobre os livros, clique aqui. |
|
Para saber mais sobre a Coleção, clique aqui.
|
|
Para saber mais sobre o livro, clique aqui.
- - - - - -
No mecanismo de busca do site amazon.com.br, digite "Coleção As mais belas lendas dos índios da Amazônia” e acesse os 24 livros da coleção. Ou clique aqui. O autor: No mecanismo de busca do site amazon.com.br, digite "Antônio Carlos dos Santos" e acesse dezenas de obras do autor. Ou clique aqui.
-----------
| Clique aqui para saber mais. |
| Click here to learn more. |
| Para saber mais, clique aqui. |
|