O órgão que regula
o setor nuclear do Japão aprovou, nesta sexta-feira (22), um plano para liberar
no oceano mais de um milhão de toneladas de água contaminada da usina de
Fukushima, o que provocou o descontentamento da China.
Este projeto foi adotado
pelo governo e recebeu o apoio da Agência Internacional de Energia Atômica
(AIEA), mas a operadora da usina, a Tepco, ainda precisa convencer as
comunidades locais para seguir em frente.
O plano consiste em despejar
gradualmente no Oceano Pacífico mais de um milhão de toneladas de água
contaminada com trítio, um radionuclídeo que não pode ser eliminado pelas
tecnologias atuais, mas cuja diluição no mar já é praticada no Japão e no
exterior em instalações nucleares em serviço.
Esta água tritiada vem da
chuva, águas subterrâneas e das injeções de água necessárias para resfriar os
núcleos de vários reatores nucleares de Fukushima que derreteram devido ao
terremoto e tsunami de 11 de março de 2011.
Mais de mil tanques foram
instalados ao redor da usina para armazenar essa água tritiada após as
operações de purificação destinadas a eliminar outras substâncias radioativas.
Mas a capacidade de armazenamento vai saturar em breve.
Segundo especialistas, o
trítio só é perigoso para os seres humanos em doses altamente concentradas,
situação a priori excluída no caso de despejo no mar ao longo de várias
décadas, como prevê a Tepco.
A AIEA também acredita que
este projeto será realizado "em plena conformidade com as normas
internacionais" e que "não causará danos ao meio ambiente".
A Tepco planeja iniciar a
operação em 2023, após a construção de um conduto submarino para
transportara água tritiada a
aproximadamente um quilômetro da costa.
Mas a operadora ainda
precisa obter aprovações prévias do departamento de Fukushima e dos municípios
próximos à usina, ao mesmo tempo em que tenta acalmar as preocupações dos
pescadores locais, que temem consequências negativas na reputação de seus
peixes entre os consumidores.
O projeto também foi
criticado por seus vizinhos, China e Coreia do Sul, além de organizações
ambientais como o Greenpeace.
"Se o Japão continuar a
colocar seus próprios interesses acima do interesse geral internacional, se
insistir em dar (este) passo perigoso, com certeza pagará o preço por seu
comportamento irresponsável e deixará uma mancha na história", reagiu o
porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, nesta sexta-feira.
AFP
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