Com a redução no total de novos casos de Covid-19 e nos índices de ocupação de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), prefeituras de capitais e governos estaduais se dividem entre a retomada integral das aulas, o retorno híbrido e a manutenção das atividades apenas remotamente.
Sem uma padronização das medidas tomadas pelos governos em relação ao novo
coronavírus, cada local tem adotado critérios próprios para a forma de reinício
ou não das aulas presenciais.
O ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, chegou a fazer um
pronunciamento em rede nacional em julho para pressionar pelo retorno às aulas
presenciais, mas o MEC (Ministério da Educação) foi ausente no apoio a estados
e municípios durante a pandemia para manter aulas remotas ou para o retorno às
atividades presenciais.
No Rio de Janeiro, as aulas presenciais voltaram tanto na rede pública
quanto na privada, como já vinha ocorrendo desde o primeiro semestre. O clima
foi de alívio para os pais e estudantes nas unidades, que tiveram que se
adaptar às regras de distanciamento.
As gestões estadual e municipal ainda não têm um balanço da adesão dos
alunos, que podem decidir se querem retornar ou ficar apenas no ensino remoto.
Mas 82% dos pais disseram que pretendiam enviar seus filhos ao colégio em uma pesquisa
feita pela prefeitura em julho.
"Eles já perderam aula no ano passado todo, se perderem mais este vão
ficar muito atrasados", disse Rodrigo Santana, 44, ansioso para que o
filho de 10 anos troque as poucas atividades nas telas pela sua escola municipal
em Laranjeiras (zona sul carioca), que deve reabrir até o fim da semana.
No estado, os colégios foram autorizados a voltar em 69 dos 92 municípios
que estão classificados com as bandeiras de risco laranja, amarela ou verde
nesta semana, com 40% a 100% da capacidade. Os demais, com bandeiras vermelha e
roxa, só podem ter
atividades administrativas, como entrega de material e kit alimentação.
Na cidade do Rio, apenas uma das 1.543 unidades não abriu ainda, por
problemas estruturais no edifício.
As salas precisam ter distanciamento de um metro entre as carteiras, por
isso é necessário rodízio nos espaços menores, mas a maioria das turmas deve
voltar com 100% da capacidade.
Já no Ceará, que costuma ter bom desempenho em rankings de educação, as
731 escolas estaduais iniciaram o segundo semestre letivo ainda de forma
remota.
Nesta primeira semana estão sendo feitas conversas com alunos e famílias
para que, a partir da próxima segunda (9), as unidades possam optar ou não pelo
formato híbrido.
A rede municipal de Fortaleza também começou o período sem aulas
presenciais, na última quinta (29), mas deve demorar mais para retornar. A
expectativa é que isso aconteça apenas a partir de 8 de setembro e de forma
escalonada, primeiro com algumas turmas dos ensinos infantil e fundamental.
As aulas na rede pública estadual de Minas Gerais foram retomadas nesta
terça-feira (3) no formato híbrido, ou seja, com aulas virtuais, para quem
preferir ficar em casa, e presenciais.
No sistema de volta gradual implantado no estado por causa das restrições
impostas pela pandemia, parte das turmas de 750 escolas de ensino fundamental e
médio de 226 municípios já havia retomado as aulas nesse formato antes do
recesso.
Nesta terça, o total de escolas com o sistema híbrido subiu para 1.384,
com ampliação de turmas da oitava série do ensino fundamental e segundo ano do
ensino médio. O total de estabelecimentos de ensino na rede estadual de Minas é
de 3.518.
A decisão pelo retorno é tomada pelo governo, dentro do programa Minas
Consciente, mas é necessário aval das prefeituras. O estado tem 853 municípios.
Em Belo Horizonte, o recesso acabou nesta segunda-feira (2) para parte dos
alunos. Retornaram às aulas, também sob formato híbrido, estudantes do primeiro
ao quinto anos do ensino fundamental e também a educação infantil, de 0 a 5
anos.
As aulas presenciais na maior parte das escolas estaduais do Paraná foram
retomadas no dia 21 de julho. e cerca de 90% dos 2,1 mil colégios já foram
reabertos total ou parcialmente.
A medida atingiu cerca de 920 mil dos aproximadamente 1 milhão de
estudantes atendidos pela rede estadual. Segundo a Secretaria de Educação,
regras municipais de combate à pandemia ainda impedem o ensino presencial no
restante das escolas.
A adesão ao modelo não é obrigatória e requer autorização dos responsáveis
pelo aluno. Até então, de acordo com a pasta, quase metade dos estudantes
adotou o formato presencial.
Em todo o estado, as escolas particulares foram autorizadas a funcionar
ainda em março, mas cada município pode instituir suas regras. A capital seguiu
a orientação estadual e só mandou fechar os estabelecimentos na chamada
bandeira vermelha, de restrições rígidas sobre a pandemia.
Todas as 415 escolas municipais de Curitiba também retornaram ao ensino
híbrido na segunda.
Em outros estados, as aulas já tinham sido retomadas em meses anteriores.
É o caso do Rio Grande do Sul, onde as aulas em formato híbrido começaram ainda
em maio. O retorno do recesso ocorre nesta quarta-feira (4) seguindo o mesmo
sistema, segundo a Secretaria de Educação.
Nas escolas particulares, os alunos puderam retornar para a sala de aula
entre o final de abril e início de maio. Em junho, diante de um cenário crítico
da pandemia, entidades do setor celebraram um acordo judicial para seguir com o
formato.
Em meio a embates com o sindicato dos professores, inclusive com
comunicado de corte salarial, a Prefeitura de Salvador determinou o retorno às
aulas semipresenciais em 3 de maio. Após acordo do município com a categoria
nesta terça, a retomada integral das atividades está prevista para o próximo
dia 23.
Na rede municipal, o retorno das atividades atingiu 431 unidades escolares
em Salvador, mas apenas 4% dos 152 mil estudantes passaram a frequentar as
aulas, de acordo com a Secretaria de Educação.
Já o governo da Bahia autorizou o ensino híbrido para estudantes do ensino
médio no último 26 de julho. Por sua vez, o início das aulas semipresenciais
para o ensino fundamental está programado para ocorrer na próxima segunda-feira
(9).
Em Pernambuco, estudantes do ensino médio na rede estadual têm frequentado
aulas semipresenciais desde outubro do ano passado, enquanto os demais ficaram
no ensino remoto. Em março, no entanto, as aulas foram suspensas devido ao
aumento dos casos de Covid-19 no estado.
As escolas municipais também foram autorizadas a retornar as atividades
presenciais desde abril, mas o retorno seria definido pelas prefeituras.
Por Júlia Barbon, Leonardo Augusto, Katna Baran e Franco Adailton, Yahoo
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