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Júlio Lapagesse/CB/D.A Press |
A curva já indica Selic fechando o ano em 7%, cada vez mais distante
do que é visto como nível neutro, mas Copom deve subir a taxa em 0,75 ponto
porcentual
Os
juros voltaram a subir nesta quinta-feira, mesmo com o mercado de câmbio
comportado e o rendimento dos Treasuries mantendo-se em baixa durante todo o
dia. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima do esperado
na divulgação de quarta-feira e os ajustes aos cenários de inflação e Selic
continuaram pesando sobre as taxas, com o mercado apostando que o orçamento do
aperto monetário será esticado. A curva já indica Selic fechando o ano em 7%,
cada vez mais distante do que é visto como nível neutro (entre 6,25% e 6,5%),
mas para a próxima semana está mantido o consenso de que o Comitê de Política
Monetária (Copom) subirá a Selic em 0,75 ponto porcentual.
Instituições
financeiras seguiram revisando para cima números de inflação, Produto Interno
Bruto (PIB) e Selic, e uma mudança na comunicação do Copom para um tom mais
"hawkish" é dada como certa, a começar pela retirada do termo
"parcial" sobre na normalização da Selic.
A
taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 subiu de
5,233% para 5,305% e a do DI para janeiro de 2023, nesta quinta o mais líquido,
terminou com taxa de 6,92%, de 6,824% na quarta. O DI para janeiro de 2025
tinha taxa de 7,94% no fim da sessão regular, de 7,845% na quarta, e a do DI
para janeiro de 2027 subiu para 8,42%, de 8,334%.
Pela
manhã, as taxas rodavam perto da estabilidade, com viés de alta, absorvendo sem
sustos a inflação ao consumidor norte-americano de maio, que superou a mediana
das estimativas, e as mensagens do Banco Central Europeu (BCE), que nesta
quinta teve reunião de política monetária. À tarde, passado o leilão, o mercado
começou a piorar, com aceleração do avanço e máximas renovadas na última hora
de negócios.
Não
houve um gatilho específico a detonar o movimento, mas que não se via nos
demais ativos. O economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano,
credita a postura mais defensiva a ajustes na percepção sobre a sinalização do
Copom. "Acho que é correção mais o IPCA de ontem. O mercado está
megapressionado, especialmente os curtos, talvez temendo um BC mais hawk",
disse.
A
leitura do IPCA de quarta, o otimismo com o desempenho da atividade e o risco
de crise energética colocam em dúvida a interpretação do Banco Central de que
os choques de preços são temporários e o mercado passou a trabalhar a ideia de
mudança no discurso de que a normalização da Selic será parcial, diante do
risco de descontrole das expectativas e para trazer o IPCA de 2022 de volta à
meta.
O
Itaú Unibanco anunciou nesta quinta uma série de revisões de indicadores, entre
eles de Selic (5,5% para 6,0%) e IPCA (5,3% para 5,6%) no fim de 2021. Para o
Copom da quarta-feira, a previsão é de aumento de 0,75 ponto, com mudança na
comunicação. "Acreditamos que o Copom deva abandonar a menção, presente
nos documentos recentes, a uma normalização 'parcial' do grau de estímulo
monetário, dado o contexto de inflação ainda bastante pressionada e surpresa
significativa com a retomada da economia", afirma o banco, em relatório.
Correio
Braziliense
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