A União Europeia e
o Mercosul podem resolver até o final do ano as preocupações ambientais que impedem
um acordo de livre comércio entre os blocos, afirmou o comissário da UE
Virginijus Sinkevicius à Reuters.
Embaixadores da UE disseram
anteriormente ao Brasil que o pacto de livre comércio com o Mercosul, acordado
em princípio em 2019, não será ratificado a menos que medidas concretas sejam
tomadas para impedir a destruição crescente da floresta amazônica.
O Mercosul inclui Brasil,
Argentina, Paraguai e Uruguai.
Autoridades brasileiras, por
sua vez, acusaram opositores do acordo de usar as preocupações ambientais como
desculpa para o protecionismo comercial.
Sinkevicius, o comissário
para o meio ambiente da UE, disse que uma "carta complementar" ou
adendo ao acordo de livre comércio abordaria a falta de salvaguardas
ambientais. A aprovação final do acordo dependeria da aprovação da carta
complementar.
"Estamos trabalhando no
acordo do Mercosul, em uma carta complementar, que será finalizada, espero,
este ano... em relação às partes que faltam... por exemplo, a parte
ambiental", declarou ele em entrevista por telefone no final de uma visita
de quatro dias ao Brasil.
Sinkevicius disse que
levantou preocupações com o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e
parlamentares brasileiros sobre um projeto de lei no Congresso que permitiria a
mineração comercial em terras indígenas protegidas.
Se o Congresso aprovar a
medida, apoiada pelo presidente Jair Bolsonaro, Sinkevicius disse que isso pode
afetar o acordo de livre comércio e o pedido de adesão do Brasil ao grupo de
nações ricas Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
"Isso definitivamente
não ajudaria", afirmou ele.
Após três anos consecutivos
de aumento do desmatamento sob Bolsonaro, Sinkevicius disse que os dados
disponíveis até agora em 2022 indicam que o desmatamento provavelmente
aumentará de novo.
É muito cedo para dizer se o
Brasil mudou a política e agora está levando a sério a proteção ambiental,
disse ele.
"Só vou acreditar
quando ver", declarou o comissário.
Jake Spring, Reuters
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