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Garimpo em Terra Indígena Yanomami — Foto: © Bruno Kelly/HAY |
Dados preliminares
mostram que terra indígena Yanomami, em Roraima, é região com mais registros.
Em 2021, 35 pessoas foram
assassinadas em conflitos no campo, segundo dados do Centro de Documentação da
Comissão Pastoral da Terra (Cedoc-CPT). A alta é de 75% em comparação com o ano
anterior, quando foram registrados 20 homicídios.
Assassinatos x mortes por
conflitos
Já com relação às mortes por
conflitos no campo — que não incluem os assassinatos —, a alta é de 1.100% na
comparação entre 2021 e 2020. Foram 109 mortes no ano passado, contra nove no
ano anterior. Nesta categoria, são incluídos os óbitos decorrentes das ações,
mas não são homicídios. Um caso, por exemplo, foi registrado em outubro de
2021, quando crianças indígenas foram sugadas por dragas em garimpo.
A região mais afetada é a
terra indígena Yanomami: foram 101 mortes, a maioria em decorrência da ação da
garimpeiros, segundo o relatório. Por enquanto, esses dados são preliminares,
mas já contabilizam, no total, 144 óbitos por assassinatos (35) e conflitos
(109). O documento completo será divulgado pela CPT na próxima segunda-feira
(18).
Casos em Rondônia
Em agosto de 2021, na região
de Nova Mutum, em Porto Velho, uma operação policial levou à morte de três
trabalhadores sem-terra. À época, outras cinco pessoas ficaram desaparecidas,
segundo a CPT.
"A área onde aconteceu
mais esta tragédia rondoniense está situada nas proximidades da região do
Acampamento Dois Amigos e do Acampamento Thiago dos Santos, em União
Bandeirantes, distrito do município de Porto Velho. O fato ocorreu na área da
Fazenda Santa Carmem, um latifúndio ocupado em janeiro de 2021 e que tem
registrado diversos atos de violência na região de Nova Mutum-Paraná, norte de
Rondônia", informou a comissão.
Detalhes dos outros casos de
assassinatos no estado ainda não foram divulgados pela CPT.
Quem são os indígenas
Moxihatëtëa
Os Moxihatëtëa — três foram
assassinados em 2021 — vivem em uma área na região da Serra da Estrutura, na
Terra Yanomami. Eles vivem em total isolamento, sem contato com outros
indígenas ou não indígenas, e sobrevivem exclusivamente do que cultivam e caçam
na floresta.
Apesar de não terem contato
com os demais Yanomami, os Moxihatëtëa são considerados um subgrupo da mesma
etnia, porque possuem o mesmo tronco linguístico.
De acordo com a Associação
Yanomami (HAY), eles costumavam migrar, mas a comunidade está firmada na região
da Serra da Estrutura há pelo menos 15 anos.
Os Moxihatëtëa são o único
grupo isolado confirmado no território Yanomami, pela Fundação Nacional do
Índio (Funai). O garimpo, no entanto, está cada vez mais próximo da comunidade.
Uma reportagem publicada pela Agência Pública em setembro de 2021 denunciou que
o acampamento dos invasores está a 12km da casa comunitária dos indígenas.
Carolina Dantas, G1.globo
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