Grupos criminosos em vários cantos do globo encontraram novas formas ilegais de ganhar dinheiro durante a pandemia de covid-19.
Entre as modalidades há desde aquelas que se
aproveitam do medo e da desinformação para vender vacinas que não existem a
fraudes cometidas para burlar as regras estabelecidas para tentar conter a
disseminação do vírus, como é o caso da venda de testes falsos de covid-19.
Veja, a seguir, três entre as mais comuns, listadas
pela BBC News Mundo, serviço e língua espanhola da BBC.
1. Testes falsos
Muitos países exigem daqueles que querem entrar em seu
território que façam um teste de laboratório para verificar se estão ou não
infectados com o Sars-CoV-2.
A exigência de apresentação de um certificado com
resultado negativo gerou um negócio lucrativo de venda de resultados
falsificados.
A demora para obter os resultados dos exames em alguns
casos, seu alto custo ou a urgência de quem vai viajar contribuíram para fazer
florescer um mercado de exames falsos.
Agências de Segurança já desbarataram redes de
falsificadores de certificados mo aeroporto Charles de Gaulle, Em Paris, e do
aeroporto de Luton, na Inglaterra.
A Polícia Nacional da Espanha, por sua vez, prendeu
pelo menos uma pessoa que apresentou resultados falsos em testes.
Na Holanda, foram identificadas várias contas em redes
sociais como WhatsApp e Snapchat com nomes como Vliegtuig Arts (médico do
avião) ou Digitale Dokter (médico digital), que ofereciam resultados de exames
falsificados.
O jornal El País, da Espanha, denunciou recentemente
que este negócio também prolifera em algumas áreas turísticas do México, onde
os testes falsos são vendidos por menos de US$ 40 (R$ 215).
No Chile, as autoridades sanitárias fecharam em
janeiro um centro médico localizado no distrito de Las Condes, em Santiago, sob
acusação de falsificação de resultados de exames por US$ 85 (R$ 457).
A Associação Internacional de Transportes Aéreos
(IATA, na sigla em inglês), organização internacional que reúne companhias
aéreas, reconheceu as fraudes como "um problema crescente em todo o
mundo".
A agência observou que parte do problema é que os
certificados em papel podem ser facilmente manipulados porque vêm em diferentes
formatos e idiomas, o que "leva a ineficiências nos exames de saúde, erros
e fraudes".
Já o Serviço Europeu de Polícia, a Europol, indicou
que "a proliferação de meios tecnológicos de alta precisão, sejam
impressoras ou diversos programas de software, facilitam a circulação de
documentos fraudulentos".
A Europol, que nesta semana alertou a União Europeia
para uma rede de falsificadores de certificados chamado Grupo de Crime
Organizado Móvel Rathkeale Rovers, supostamente de origem irlandesa, admitiu
que o problema é difícil de combater.
"Enquanto houver limitações para viagens devido à
covid-19, é provável que continue a produção e venda de certificados
falsos", afirmaram porta-vozes da instituição.
2. 'Fura fila' da vacina
Desde o início da pandemia, há golpistas que buscam
lucrar com o medo gerado pela doença, oferecendo falsas curas e remédios.
Chás, óleos essenciais e terapias com vitamina C são
apenas alguns dos supostos tratamentos antivirais que continuam a ser vendidos
em clínicas, sites, redes sociais e até em programas de televisão.
Mas o desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus,
que já começaram a ser distribuídas e aplicadas em várias partes do mundo,
também gerou uma nova modalidade de crime - pedir dinheiro em troca de um lugar
na lista de pessoas que vão receber primeiro a imunização.
Existem também aqueles que afirmam falsamente vender
algumas das vacinas desenvolvidas.
A Federal Trade Commission dos Estados Unidos (FTC, na
sigla em inglês) alertou que essa fraude está se espalhando pelo país devido à
complexidade do sistema de distribuição de vacinas, que varia conforme o Estado
ou território.
"Sempre prontos para agir, os golpistas estão se
aproveitando da confusão", disse Colleen Tressler, especialista em
educação do consumidor da FTC.
Para evitar fraudes, a agência lembra que não é
possível pagar para se inscrever na lista prioritária.
"Quem pede para você pagar para colocar seu nome
em uma lista, marcar hora para você ou reservar uma vaga na fila é um
golpista", alerta.
Tressler também recomenda ignorar anúncios de venda de
vacinas contra o coronavírus.
"Você não pode comprá-la em qualquer lugar. A
vacina está disponível apenas em locais aprovados pelos governos", diz
ele.
3. O 'corona-phishing'
A criação de falsos negócios, oferecendo produtos
inexistentes por meio de sites, redes sociais, emails e ligações telefônicas,
com o intuito de obter os dados bancários das vítimas, explodiu desde o início
da pandemia.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um
comunicado em março do ano passado para alertar que alguns cibercriminosos
estavam se passando por representantes da organização para obter doações falsas
e roubar dados pessoais.
Mas, enquanto no início da pandemia essa forma de
crime, conhecida como "phishing", se concentrava em falsas campanhas
de caridade ou na suposta venda de produtos muito procurados, como máscaras
faciais, álcool gel ou desinfetantes, com o tempo os golpes se sofisticaram.
Na Argentina, alguns bancos tiveram que fechar seus
perfis nas redes sociais depois que criminosos usaram as informações ali
coletadas para esvaziar as contas de alguns clientes.
Os criminosos contataram pessoas que usaram as redes
para relatar um problema em sua conta, dada a impossibilidade de atendimento
pessoal nas agências bancárias, que por muitos meses permaneceram fechadas ao
público.
Falando como representantes de banco, os criminosos
conseguiram obter os detalhes da conta da vítima. Antes de esvaziá-la pela
internet, eles pediram um empréstimo.
Assim, as vítimas não perderam apenas todo o dinheiro
de suas contas. Elas também ficaram endividadas, em alguns casos por valores
bem acima de sua renda.
Outra forma de golpe comum em países onde existe
auxílio estatal a cidadãos mais pobres são ligações de pessoas que afirmam ser
servidores do governo. Na realidade, eles são golpistas que buscam informações
para roubar esses pagamentos.
Em janeiro passado, a FTC dos Estados Unidos informou
ter recebido mais de 225 mil reclamações de consumidores relacionadas a esse
tipo de fraude. No total, estima-se que mais de US$ 309 milhões (cerca de R$
1,8 bilhão) de ajuda financeira acabaram nas mãos de criminosos.
A agência americana também alertou sobre outra forma
de fraude relacionada a dados bancários.
São pessoas que ligam para suas vítimas e dizem que
estiveram com alguém cujo teste deu positivo.
Eles recomendam que façam o exame o mais rápido
possível, oferecendo gratuitamente um teste domiciliar. Depois, informam que,
para recebê-lo, será necessário fornecer o número do cartão de crédito para
cobrir os custos de envio.
De acordo com as autoridades, esses golpistas tendem a
atacar minorias e idosos.
Especialistas em segurança dizem que a chave para
evitar essas armadilhas é lembrar que nenhum banco, agência estatal ou
instituto de saúde entra em contato com solicitando informações confidenciais.
"É possível que (os criminosos) entrem em contato
com você por telefone, e-mail, mensagens de texto, correio ou redes
sociais", alerta a página do governo dos EUA dedicada a "Fraudes e
Golpes Comuns".
"Proteja seu dinheiro e sua identidade não
compartilhando informações pessoais como número de conta bancária, CPF ou data
de nascimento", aconselha o órgão.
Na BBC
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