Os desafios e
possibilidades da rápida transformação digital resultante do cenário atual
foram tema de webinar promovido pelo Media Lab Estadão
A tecnologia exerceu papel fundamental para que
empresas de todos os portes seguissem operando quando o distanciamento físico
se fez necessário como forma de conter a propagação da covid-19. Durante a
pandemia, a transformação digital acelerou-se e a computação em nuvem ganhou
uma importância ainda maior como instrumento para amenizar os riscos e
responder com agilidade às demandas da quarentena.
'Quando as companhias se depararam com a necessidade de reagir, a maioria não
estava preparada, mas as organizações reagiram no sentido de proteger seus
colaboradores com um modelo mais flexível de trabalho como o home office',
disse José Duarte, country manager da VMware no Brasil, durante o webinar
'VMware on AWS - A Cloud Híbrida no Contexto da Crise: Desafios e
Possibilidades', promovido pelo Media Lab Estadão no dia 15 de julho.
De acordo com ele, o cenário de crise pressiona por redução de custo e a
computação em nuvem revela-se como uma oportunidade para endereçar isso. 'Se
organizações pensam em negócios resilientes e em fazer adaptações, o digital é
o caminho e não dá para falar em digital sem falar de cloud, que você liga e
desliga a infraestrutura rapidamente e consegue se adaptar facilmente, algo que
não conseguiria em modelo tradicional', explicou.
Para Paulo Cunha, country manager para o setor público da Amazon Web Services
no Brasil, a nuvem pública é uma resposta para companhias que buscam acelerar
transformação digital em um ambiente seguro e em modelo de pagamento por uso.
'Nuvem pública dá esta segurança, de agilidade e facilidade para ter serviços
rapidamente prontos para uso. Além do fato de pagar pelo que utiliza e contar com
elasticidade de recursos computacionais', destacou.
Os investimentos em cloud, conforme apontou Duarte, da VMware, ainda são mais
baixos no Brasil em comparação com o mundo. Mas a adoção tende a crescer, em
parte porque as empresas entenderam que o modelo da nuvem respondeu à
necessidade de resiliência do negócio em meio à pandemia. A taxa de aumento da
nuvem no Brasil em 2020 deve ser da ordem de 24%, porcentual semelhante ao da
América Latina (24,5%), segundo estimativa da International Data Corporation
(IDC). A consultoria também prevê que, em 2022, 70% das empresas vão integrar
gerenciadores de cloud - entre nuvens privadas e públicas - por meio do
desenvolvimento de modelos híbridos e multicloud.
O conceito de multicloud vem se consolidando no mercado, segundo Duarte,
permitir às empresas a execução do gerenciamento da nuvem por meio de
aplicações, assegurando, assim, a governança, a segurança e a gestão do
faturamento das clouds públicas.
Agilidade e flexibilidade
'Estamos vendo crescimento da demanda em todos os setores; e em uns mais que
outros, como em educação no ensino a distância (EAD) e varejo. Tivemos um caso
em que conseguimos colocar no ar para uma universidade de São Paulo uma
plataforma de EAD em questão de dias. Também tivemos uma empresa do varejo de
vestuário que, para absorver o golpe e reagir com todas as lojas fechadas, saiu
com solução de social selling', contou José Duarte.
Diante das novas demandas trazidas pela quarentena, as empresas buscaram
soluções que pudessem ser adotadas rapidamente para manter o negócio operando -
e isso passou pela computação em nuvem. 'O digital foi o caminho para superação
de crise e cloud não é mais opção, mas uma questão de sobrevivência', reforçou
Duarte.
Ampliar serviços governamentais para os cidadãos também passa pela modernização
da infraestrutura de tecnologia. No Tribunal de Contas da União, José
Renato Alves Affonso, secretário de infraestrutura de TI no TCU, contou
que a migração de serviços públicos para nuvem vem ocorrendo e que os órgãos
têm adotado o modelo tomando os devidos cuidados de segurança e governança. 'O
governo precisa avançar junto com as empresas do setor público e do setor
privado', assinalou.
O secretário lembrou que as esferas públicas precisam consumir as tecnologias
que estejam disponíveis no mercado e que têm de contar com estruturas robustas.
'Percebemos que precisávamos adotar mais tecnologia. É o que estamos fazendo:
consumindo mais nuvem pública e nuvem híbrida, porque acreditamos que elas
trazem mais oportunidades. A flexibilidade e agilidade da nuvem para atender às
demandas foi o que nos propiciou seguir operando na pandemia', ressaltou
Affonso.
Economia digital ditará mercado no pós-pandemia
Adoção de novas formas de trabalho e uso de tecnologias como computação em
nuvem e inteligência artificial serão base da recuperação econômica
Em um cenário pós-crise, a tecnologia servirá de ponto de apoio para a
recuperação das empresas, empregos e da economia. A crise testou projetos
piloto de algumas empresas em transformação digital até por uma questão de
sobrevivência. 'Não prevaleceu o catastrofismo. Se subestimou o papel da
economia digital. Hoje temos o recurso do trabalho remoto e há exemplos como o
do varejo que foi capaz de explorar o delivery. Isso aponta como será a
economia no futuro', reforçou Gesner Oliveira, sócio da GO Associados e
professor da Fundação Getúlio Vargas.
Além dos pacotes anticrise, o avanço da digitalização propiciou que os efeitos
negativos da pandemia, como uma recessão maior, fossem amenizados e é algo que
permanecerá no pós-pandemia. 'Em março, quando a crise começa no Brasil, houve
projeções de fim do mundo, parecia que o mundo ia acabar e muita gente não
olhou para os pacotes antipandemia e para a economia digital, para a capacidade
de adaptação e de resiliência das empresas', enfatizou Gesner Oliveira.
Durante o webinar 'VMware on AWS - A Cloud Híbrida no Contexto da Crise:
Desafios e Possibilidades', ele explicou que, diante de uma crise, é muito
importante para a empresa que toma o choque absorver o choque e saltar para o
futuro. 'Ou seja, é procurar uma nova solução e daí é inevitável buscar
transformação. É olhar para o passado não como nostalgia, mas como forma de
reinventá-lo, como fonte de inspiração para o futuro. E a maneira pela qual
você vai para o futuro é através da tecnologia', ressaltou Oliveira, professor
da FGV, que afirmou já estar vendo indicadores apontando para uma recuperação
econômica no Brasil.
O colapso causado pelo novo coronavírus acentuou a adoção de novas formas de
trabalho, como remotamente, e a implantação de tecnologias como computação em
nuvem e inteligência artificial. 'Nossos antepassados eram nômades e a
tecnologia está nos levando a um nomadismo diferente; que podemos trabalhar de
qualquer lugar e que podemos recrutar pessoas que estejam em qualquer lugar.
Lógico que isso exige investimentos, esforço de sistematização e organização
dos dados, mas, no futuro, pode ser promissor, se colocarmos foco na
governança', frisou o professor.
De acordo com a IDC, em seu estudo 'IDC FutureScape Worldwide 2020 Predictions
- LatAm Implications', em 2024, mais de 40% de todos os gastos com tecnologia
da informação e comunicação na América Latina serão direcionados pela
transformação digital e inovação - um aumento em relação aos 20% de 2018.
A computação em nuvem, que está por trás do trabalho remoto, provê
infraestrutura para suportar o atendimento às necessidades do negócio como se
as pessoas estivessem fisicamente em seus ambientes normais de trabalho. 'É, de
fato, um modelo que proporciona um trabalho mais flexível, independentemente do
setor. Além de você pagar pelo uso', completou José Duarte, country manager da
VMware no Brasil, acrescentando que a cloud é a base para assegurar que o
ecossistema esteja em conformidade com a governança, atendendo, por exemplo, a
exigências de proteção dos dados.
Um exemplo citado durante o debate foi de uma empresa de contact center que,
por causa da quarentena, passou a operar no modelo de teletrabalho e recorreu
ao modelo de nuvem para prover aos funcionários em suas residências uma
infraestrutura semelhante à que tinham no escritório. 'Recebemos o feedback de
que o cliente percebeu que, mantendo o contact center nesse modelo, houve
aumento na satisfação e na produtividade dos colaboradores, o que refletiu em
clientes finais mais felizes com a qualidade do atendimento', apontou
Pandemia impôs desafios
A quarentena impôs desafios tão distintos quanto assegurar que o link internet
dos colaboradores funcionasse desde suas casas. De acordo com Paulo Cunha,
country manager para o setor público da Amazon Web Services no Brasil, quando
as companhias se viram diante da necessidade de colocar seus trabalhadores em
trabalho remoto, muitas não estavam preparadas para o forte aumento da demanda
no tráfego de dados.
Segundo ele, um dos primeiros gargalos foram as redes privadas virtuais (VPNs,
na sigla em inglês), que, até então, estavam balanceadas para uma quantidade
menor de funcionários que normalmente acessam a infraestrutura desde fora do
escritório e não para todos - ou grande parte - dos colaboradores. Outro
desafio, apontou o executivo, foi com a adequação dos equipamentos dos
funcionários, uma vez que nem todos contam com computadores portáteis.
'A nuvem ajudou nesse sentido, porque ela transporta para a máquina do
funcionário onde ele estiver o mesmo cenário que ele tinha na empresa,
incluindo todas as aplicações que estavam on-premise', disse Cunha. Para ele, a
aceleração do processo de transformação digital não deve ficar restrita apenas
a levantar e a levar para a computação em nuvem as aplicações, mas deve
fomentar a inovação nas empresas, no sentido de buscar novas soluções para
resolver problemas que eles estejam enfrentando.
Por VM Ware, Media Lab Estadão, no Estadão
Online
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