Espanha, Itália,
Grécia, Chipre e Malta temem que a União Europeia possa estar à beira de uma
nova crise migratória e por isso pedem a Bruxelas que se coloque fim à dita
solidariedade "voluntária" do bloco dos 27, no que respeita aos
migrantes.
Os cinco países
mediterrânicos defendem que é necessário criar forma de redistribuir melhor o
fardo de cuidar deles e estabelecer políticas eficazes com os países de origem.
"Embora combatendo a
migração ilegal e o contrabando, somos totalmente a favor de mais vias legais
para a migração para a Europa. Não podemos deixar que os contrabandistas
decidam quem vem e vive na Europa. É por isso que o meu país está a investir em
esquemas de cooperação bilateral com os países de origem, oferecendo mais
oportunidades de autorizações de trabalho em troca de uma melhor cooperação nos
repatriamentos", refere o ministro grego do Interior, Notis Mitarachi.
O ministro cipriota do
Interior, Nicos Nouris, disse que é necessária uma política comum e robusta da
União Europeia sobre a migração. "A solidariedade não é um slogan, nem
pode ser vazia de substância", disse.
Políticas passadas da UE em
que os Estados-membros se podiam oferecer para receber algumas das centenas de
milhares de migrantes que desembarcaram em Itália, Grécia e outras costas
meridionais revelaram-se inadequadas.
Muitos países da União não
deram qualquer passo em frente. Outros, mesmo com o compromisso de receber um
número modesto de algumas das centenas de milhares de migrantes resgatados dos
barcos de contrabandistas que não se encontravam em condições de navegar, não
deram seguimento.
"A solidariedade, na
nossa mente, não pode ser voluntária", disse Nouris.
Ele observou que, após
vários anos de acolhimento de imigrantes no Chipre, atualmente 5% da população
da ilha mediterrânica oriental é constituída por requerentes de asilo.
Os ministros do Interior dos
cincos países mediterrânicos, estiveram reunidos este fim de semana em Veneza,
em Itália.
Os governantes acreditam que
milhões de africanos possam já estar a caminho da Europa, fugindo da fome
extrema que se agravou em África com a pior seca das últimas décadas, em várias
regiões do continente e pela guerra na Ucrânia, que colocou em risco os programas
de distribuição de cereais.
A forma como a Europa lida
com um grande número de migrantes assume agora particular urgência, a par de
receios de que a seca em África e o aumento dos preços dos alimentos mesmo
antes da guerra impossibilitaram o envio de cereais ucranianos para a Somália,
Egito e outras nações menos desenvolvidas, poderia aumentar o já alarmante
número de pessoas com fome.
No Sahel, a parte de África
imediatamente abaixo do Deserto do Sara, estima-se que 18 milhões de pessoas
estejam a enfrentar uma fome severa à medida que os agricultores enfrentam a
pior época de produção da última década.
Euronews
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