O
esforço para escancarar as portas do desenvolvimento deve ser progressivo e
continuado.
No
plano da educação, conquistamos vitórias expressivas quando abordamos a questão
da alfabetização.
Em
1900, quase 70% da população brasileira com mais de 15 anos era constituída de
pessoas analfabetas. Hoje, cerca de 11% da população carrega esta hedionda cruz
de chumbo. Os números sinalizam que não ficamos parados no tempo, que avançamos
em alguma medida, mas 11% é um indicador grave demais para merecer a
indiferença do governo e da sociedade.
Se
11% de analfabetos já é um dado inaceitável, o que se dirá então em relação à
taxa de analfabetismo funcional? Nessa seara retornamos aos idos de 1900, ao
começo do século passado, ostentando uma vergonhosa taxa de 71%.
Um
dos maiores problemas entre nós é o nível das contradições, por demais
aviltantes. Já virou lugar comum a constatação de que no Brasil convivem, lado
a lado, Gabão e Suécia, a miséria absoluta e a ostensividade aristocrática.
Esta
realidade deixa cicatrizes em todos os setores. E também na educação. Os vergonhosos
dados sobre analfabetismo dividem o mesmo espaço com outros de ostensiva qualidade,
como os que mostram algumas crianças brasileiras arrebatando as primeiras
colocações nas olimpíadas de matemática realizadas mundo afora.
Quando
rompemos as barreiras da exceção e adentramos no Brasil real, verificamos que a
“situação do ensino matemático no Brasil é dramática”. É o que denunciam os
dirigentes da Sociedade Brasileira de Matemática.
Segundo
pesquisa realizada pelo Instituto Paulo Montenegro - vinculado ao Ibope, e pela
ONG Ação Educativa, cerca de 30% da população do país resolve operações
matemáticas simples com extrema dificuldade. Consegue, no máximo, fazer
operações simples envolvendo a adição, subtração, multiplicação e a divisão.
São 52 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos que não conseguiram romper os
estreitos limites da aritmética, mantendo longa distância do universo da
matemática.
Ainda
na faixa etária dos 15 aos 64 anos, mais de três milhões de brasileiros são
analfabetos absolutos em
matemática. Não conseguem sequer ler ou identificar números
simples, como o número que identifica uma casa de determinada rua, ou o número
do telefone de um posto de saúde.
Segundo
a pesquisa, apenas 23% da população adquiriu a habilidade de conhecer os
números plenamente, elaborando cálculos e interpretando mapas, tabelas e
gráficos.
Outro
grave problema identificado pela pesquisa é que cerca de 60% dos entrevistados
com até a 3ª série do ensino fundamental não consegue resolver espécie alguma
de cálculo. Estamos, portanto, tecendo considerações sobre alunos que frequentam
ou frequentaram a escola, o que torna o quadro mais dramático ainda.
Segundo
dirigentes da Sociedade Brasileira de Matemática, isso decorre do fato de que
“mais de 60% dos nossos professores desconhecem o conteúdo que têm que
ensinar”.
No
Brasil, desde sempre, a educação encontra-se na lata do lixo. Todo esforço
despendido até aqui conferiu apenas uma casca de verniz à questão, criando –
quando muito - bolsões de excelência encravados num mar de vergonhosos
fracassos. Criminosos fracassos.
Se
este é o cenário observado na sociedade como um todo, o verificado na
administração pública não é muito diferente. Atuam nos poderes executivo,
legislativo e judiciário das três esferas de poder – federal, estadual e
municipal – servidores e gestores extraídos da sociedade, essa mesma sociedade
que acabamos de diagnosticar no corpo deste tópico. Ou os que atuam no serviço público
foram selecionados em Marte? É evidente que a obrigatoriedade do acesso através
de concurso público amenizou o problema. Mas não nos esqueçamos que nossas castas
aristocráticas guardam o péssimo hábito de reservar – no aparelho de estado –
milhares e milhares de cargos “de confiança”, ocupados por comissionados que
adentram o serviço público não em decorrência das habilidades pessoais e
profissionais, e sim devido à filiação partidária ou ao grau de parentesco. Fazendo
ouvidos moucos à meritocracia.
O
fato é que o dirigente deve assumir a missão de conduzir sua equipe ao contínuo
aperfeiçoamento, só possível quando a educação é processada diuturnamente. Em
salas de aula, nos cursos de atualização, mas também nos treinamentos em
serviço e no dia a dia das empresas e organizações.
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9) Santa Dica de Goiás
10) Gravata Vermelha
11) Prestes e Lampião
12) Estrela vermelha: à sombra de Maiakovski
13) Amor e ódio
14) O juiz, a comédia
15) Planejamento estratégico Quasar K+
16) Tiradentes, o mazombo – 20 contos dramáticos
17) As 100 mais belas fábulas da humanidade