“Ostentação é você mostrar que tem.
Superação é mostrar como conquistou aquilo, vindo de onde as oportunidades são
poucas.”
É assim que Lennon Frassetti, ou melhor, L7NNON, expoente
do rap e do trap de 27 anos, explica as letras honestas, carregadas de críticas
e de superação que lhe deram mais de um bilhão de streams nas plataformas
digitais, 4,8 milhões de ouvintes mensais no Spotify e parcerias com marcas de
luxo.
— A minha questão é mostrar que quem não tem pode ter. É,
mano, tu pode viver tua vida, conquistar as coisas e ter o mesmo cordão de ouro
ou um melhor que o meu — filosofa ele, nascido em Realengo, Zona Oeste do Rio
de Janeiro, onde viveu até os 14 anos.
O sucesso chegou para valer em novembro de 2020, quando
L7NNON lançou seu segundo álbum, “Hip Hop Rare”, que se manteve durante um ano
entre os 50 mais ouvidos no Spotify Brasil. A faixa “Perdição” chegou a 150
milhões de visualizações no YouTube. Em 2021, o single “Freio da Blazer” — uma
referência ao carro usado pela polícia do Rio — tornou-se um de seus maiores
hits, com 140 milhões de visualizações no YouTube.
— É uma crítica por ser sempre parado pela polícia e ter
que provar que o que tenho é meu. Parece que a gente roubou de alguém ou que é
emprestado, sabe? Temos que mostrar documento do carro, conta bancária e,
muitas vezes, abrir o celular porque o cara desconfia das conversas — desabafa
o artista, ressaltando que, embora essa situação tenha mudado com a fama, ele
não abandonará a causa. — A luta é para sempre. Enquanto estivermos vivos,
temos que lutar. Imagina se largar de mão?
O rapper se vê como motivador e fortalecedor da periferia
e tornou-se um símbolo de representatividade para os jovens.
— Eu tive muita referência de bebida, fumo e outras
drogas, e as crianças crescem vendo pessoas influentes beberem e fumarem. — Mas
eu sou influente e não faço isso. Estou me divertindo da minha forma— explica
L7NNON, que faz questão de afirmar que não tem nada contra nem julga quem bebe
ou fuma.
Olha quanta criança tem na rua e o impacto que eu tenho
na vida delas. Se eu era um desses moleques, eles podem ser o que eu sou hoje
E ele não bebe nem fuma e gosta de “compartilhar”. No fim
do ano, reuniu amigos e a família para preparar uma festa de Natal para as
crianças do Barata, em Realengo, com direito a brinquedos, churrasco e
distribuição de cestas básicas. Antes disso, deu um apartamento de presente
para uma tia.
— Eu penso o seguinte: se eu não compartilhar minha
vitória e estimular outras pessoas a vencerem também, a minha vida não vale
nada. Olha quanta criança tem na rua e o impacto que eu tenho na vida delas. Se
eu era um desses moleques, eles podem ser o que eu sou hoje — acredita L7NNON,
que na última edição do prêmio Men of the Year da GQ Brasil foi reconhecido na
categoria “Inspiração”.
Começo no skate
O rapper escolheu o número 7 para compor seu nome
artístico por causa dos vários aniversários na família envolvendo o algarismo,
além do sobrenome “Frassetti”, e para simplificar o perfil do Instagram.Na
música, ele começou quase sem querer, queria viver do skate, esporte que entrou
em sua vida aos 7 anos. Chegou a vencer o evento de melhor manobra no Dia
Mundial do Skate, realizado em Barcelona, em 2017.
— Conheci uns amigos que andavam de skate e faziam
música. Eles sempre falavam “mano, tu rima à beça por que não faz música?”.
Lancei uma que teve mais de 100 mil visualizações. (Hoje, “Mais um capítulo”
tem pouco mais de um milhão de views no YouTube).
De 2017 para cá, L7 já se aventurou até fora do rap. Em
outubro, gravou ao lado de Ivete Sangalo uma participação no novo DVD de Léo
Santana, “Astral GG”.
— Tudo o que falei nas músicas tem acontecido na minha
vida. Contanto que a pessoa acredite que vai acontecer e que ela seja boa e
honesta, as coisas acontecem — encerra ele, que agora deseja uma parceria com
Mano Brown.
Mariana Teixeira, O Globo
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