Governo da província canadense considera que não é justo que maioria dos cidadãos arquem com as despesas de uma minoria que não deseja se imunizar. Não vacinados também não poderão comprar álcool e maconha.
O primeiro-ministro do Québec, a segunda província mais
populosa do Canadá, anunciou nesta terça-feira (11/01) que os residentes
adultos que se recusarem a se vacinar contra a covid-19 deverão pagar uma
"contribuição de saúde".
François Legault disse que não se vacinar leva a
consequências para o sistema de saúde e a maioria dos quebequenses não devem
pagar por isso.
Ele afirmou que o imposto não será cobrado de quem não se
imunizar por razões médicas. É a primeira vez que um governo estadual do Canadá
anuncia uma penalidade financeira para pessoas que se recusam a se vacinar.
Legault disse que o valor do imposto ainda não foi
decidido, mas será "significativo", não devendo ficar abaixo de 100
dólares canadenses (cerca de R$ 442).
Segundo Legault, cerca de 10% dos adultos do Québec não
estão vacinados. No entanto, eles representam aproximadamente 50% dos pacientes
internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
"Aqueles que
se recusarem a receber suas primeiras doses nas próximas semanas terão que pagar
uma contribuição de saúde", disse Legault. "A maioria pede que haja
consequências. É uma questão de justiça para os 90% da população que fizeram
alguns sacrifícios. Devemos isso a eles", destacou.
Proibição de venda de álcool e maconha
Na tentativa de conter a nova onda de infecções por
coronavírus, O governo do Québec anunciou em 30 de dezembro o retorno de
algumas restrições, incluindo um toque de recolher às 22h e a proibição de
reuniões privadas.
Além disso, a partir de 18 de janeiro, para incentivar a
vacinação, as lojas de bebidas alcoólicas e maconha – que é legalizada para uso
recreativo no país desde 2018 - também
exigirão comprovante de imunização. Após o anúncio, a procura por vacinas
aumentou 400% em apenas uma semana.
O governo alertou, ainda, que shoppings e salões de
beleza poderão exigir passaportes vacinais em breve.
Críticas da oposição
A fala de Legault provocou crítica de políticos. Eric
Duhaime, chefe do partido de oposição conservador do Québec, disse que o
imposto apenas "dividiria" os cidadãos. Já o chefe do partido liberal
de Quebec, Dominique Anglade, que é a favor da vacinação obrigatória, chamou a
taxa de "distração".
O Québec, cuja capital é Montreal, tem cerca de 8 milhões
de habitantes e, atualmente, 2.742 pessoas hospitalizadas com covid-19, 255
delas em UTIs. As hospitalizações também continuam aumentando na província
vizinha de Ontário, a mais populosa do Canadá, com 3.220 pessoas hospitalizadas
e 477 em UTIs.
Penalidades em outros países
Embora o Québec seja o primeiro lugar a instituir um
imposto específico, a pressão sobre aqueles que permanecem não vacinados por
opção está aumentando em todo o mundo.
A França é um dos muitos países que instituiu o chamado
passaporte vacinal - e o presidente Emmanuel Macron disse que quer
"irritar" os não vacinados.
Singapura anunciou que não cobrirá mais os custos do
tratamento de covid-19 para aqueles que recusaram a vacina.
Na Grécia, pessoas com mais de 60 anos têm até domingo
para começar a se imunizar contra o coronavírus. Do contrário, serão multadas
em 100 euros a cada mês que não forem vacinadas.
O ministro da Saúde da Áustria anunciou no mês passado
que o governo planeja impor multas de até 3.600 euros às pessoas que
desrespeitarem a exigência de vacina. A regra deve ser introduzida em fevereiro
para todos os residentes maiores de 14 anos.
Na Itália, os moradores com mais de 50 anos que não se
vacinarem poderão enfrentar multas de até 1.600 euros a partir de fevereiro.
Deutsche Welle
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