Para o matemático e cientista de dados, o sucesso
nada mais é do que a soma de pequenos fracassos - desde que superados, um a um,
pela vontade de aprender com os erros
Assim que se formou em física e matemática pela New
York University, em 2015, Chengzhao Richard Zhang enviou seu currículo para
cerca de 50 empresas em busca de emprego, sem nem sequer ser chamado para
entrevista. Na mesma época, tentou uma vaga em 11 cursos de pós-graduação em
matemática aplicada e só foi aceito por um. Inscreveu-se e, logo na primeira
prova que fez, percebeu que teria uma pedreira pela frente: acertou apenas 35
das 120 questões sobre “equação diferencial parcial”. Um resultado para
desanimar qualquer discípulo de Pitágoras — menos aqueles de espirito mais forte,
que veem o erro não como o prenúncio do desastre, mas como uma oportunidade
para aprender e crescer.
É exatamente este o caso de Zhang. Ele tem pelos erros cometidos o mesmo apreço
que dedica aos acertos, porque acredita que estes são uma consequência natural
daqueles. "É assustador falhar. O fracasso faz você duvidar da sua
habilidade, do seu valor e da sua inteligência, mas não é motivo para parar de
tentar. Reflita sobre os erros que cometeu e aprenda uma lição com eles", ensina
esse suave canadense de origem chinesa, que recentemente tornou-se também
cidadão dos Estados Unidos.
Por não ter medo de errar, Zhang sonha alto e vem construindo uma carreira
invejável. Aos 27 anos, já concluiu 14 cursos nas mais variadas áreas de exatas
— física computacional, eletricidade e magnetismo, mecânica quântica e teoria
da probabilidade, por exemplo — e participa de projetos importantes, como o de
machine learning (aprendizado de máquina) para melhorar a gestão de saúde, e a
iniciativa FAIL!, que promove eventos justamente para encorajar a resiliência
de profissionais em formação diante das naturais dificuldades para se firmar na
carreira.
A proposta da FAIL! parte de uma verdade incontestável: não há gênio ou grande
personalidade humana que não tenha cometido erros em sua trajetória, por mais
brilhante que ela tenha sido. Einstein acreditava que o universo era estático e
eterno, mas depois voltou atrás. Reviu suas teorias mais de uma vez. Leonardo
da Vinci, tão genial como artista quanto como inventor e engenheiro, cometia
erros de cálculo banais. Churchill, que emergiu da Segunda Guerra Mundial como
um dos maiores estadistas do século 20, havia sido o principal responsável por
uma desastrada incursão na Turquia na Primeira Guerra, que resultou em 45 mil
baixas nas forças aliadas.
Em suas palestras, porém, Zhang prefere citar fracassos mais corriqueiros, como
os vividos por ele mesmo ou por alguns de seus notáveis professores, por serem
exemplos mais próximos da realidade de seus ouvintes. Um personagem sempre
lembrado é George Church, professor de genética da Harvard Medical School e
reconhecido pelos pares como “o pai fundador da biologia sintética”, que deu um
surpreendente depoimento pessoal em uma das primeiras conferências da FAIL!, em
2018. Na ocasião, Church revelou que fora reprovado na pós-graduação na Duke
Universlty antes de ser aceito em Harvard e, para espanto da plateia, contou
que vivera seis meses como sem-teto. "Aprendi tanto com meus modelos
negativos quanto com os positivos", garantiu Church.
Zhang - que confessa fazer tudo o que faz, e na intensidade que faz, pelo pavor
primordial de um dia não ter onde morar — fundou a FAIL! com alguns colegas do
Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde ele ainda está fazendo sua
pós-graduação. Curiosamente, essa escola tão ambicionada por nerds do mundo
inteiro foi a única que o aceitou num curso de especialização em 2015. Com a
experiência que adquiriu nos últimos anos, hoje o jovem pesquisador certamente
encontraria portas abertas em qualquer universidade, mas ele já assumiu
atribuições demais para as 24 horas do dia.
Alem de ser um dos membros mais ativos da FAIL! (o site fail-sharing.org reúne
vários relatos para quem precisa de uma injeção de ânimo para dar a volta por cima).
Zhang coordena um comitê, criado por ele, que promove a troca de experiências
entre atuais e ex-alunos do MIT. Como pesquisador, seu principal desafio no
momento é identificar e destravar gargalos operacionais na gestão de saúde,
projeto feito em parceria com o Massachusetts General Hospital, que é o maior
hospital da Costa Leste dos Estados Unidos e está ligado à escola de medicina
de Harvard.
"É comum haver sobreposição de exames e outros processos repetitivos que
comprometem o fluxo no atendimento hospitalar. Nosso trabalho é
detectar esses problemas e eliminá-los com a ajuda de machine learning e
inteligência artificial", explica Zhang, cujo trabalho, feito em
colaboração com outros cientistas, foi publicado recentemente na revista
cientifica Nature.
Quando não está mergulhado nos números ou na interação com as máquinas. Zhang
se distrai imaginando projetos de construções comunitárias — este é o único
hobby citado por ele, em entrevista por e-mail. É solteiro e sem filhos, mas
seus finais de semana não costumam ser muito diferentes dos outros dias. “Ah,
gosto muito do musical O Fantasma da Ópera. Já fui ver cinco vezes na
Broadway", cita, ao ser perguntado sobre preferências nas artes. Seu
passatempo, fica muito claro, é mesmo consertar erros. Dele e dos outros.
Por Luiz Maciel, na Revista Época
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