Os processos gerenciais, quaisquer deles,
independentemente do período e do contexto histórico, guardam em seu âmago um
conflito inamovível: a longa distância que separa o discurso da prática.
Sobretudo na gestão pública esta distância se tornou
tamanha que muitos políticos têm enfatizado o viés do realizador, do “aquele que faz”.
Mas é nos ambientes cultural e acadêmico que esta
realidade mais se evidencia. O fato de ter o imaginário como um dos principais
insumos do processo de produção artística e acadêmica faz com que estas
categorias profissionais – muitas vezes – se percam no hermetismo do discurso
vazio, divorciado da prática; o que levou poetas de expressão – como José Martí
– a empregar seu lirismo tentando resgatar a interação entre o dizer e o fazer,
o sonhar e o realizar. E canta com singelas palavras: “a melhor forma de dizer é fazer “.
Eu diria que o melhor cenário é aquele onde é vezo e
praxe dizer, fazendo. E fazer, dizendo. Só o equilíbrio harmônico entre o dizer
e o fazer é capaz de levar à realização mais eficaz e produtiva.
Este contexto encerra também o conflito entre os
gestores burocratas, os gestores idealistas e os gestores empreendedores.
Os burocratas - aparelhando a estrutura estatal - passam
a gerenciar unicamente seus mesquinhos privilégios, relegando os interesses da
população a um enésimo plano. Eliminam, incontinente, sonhos e esperanças,
expectativas e reais necessidades, e para isso se servem de uma inesgotável
argumentação tecnicista-legalista. Habitam a arena fria dos despachos,
pareceres e processos. Incapazes de ousar, se recusam a dar o passo à frente.
Desprovidos de nobreza e coragem gravitam em torno da crítica pela crítica, das
tramas para impedir o movimento. Urdem nos labirintos das rotinas, fluxos e
trâmites burocráticos o império da inércia, do mesmismo, da ineficácia.
São os corvos dos sonhos.
Já o idealista imagina castelos de nuvens, vive na
estratosfera. Como a realidade é por demais cruel, prefere se refugiar no
inatingível e cria um universo à parte, paralelo, impossível de alcançar, e por
isto mesmo desmobilizador. Está sempre com uma idéia mais “apropriadamente
moderna” que a anterior, e nunca dá consecução ao projetado.
Conectar o idealizado à prática é tarefa que não se
permite realizar. Para ele quem planeja, só planeja; quem executa, só executa;
e quem avalia, só avalia. Além de fragmentar o processo de planejamento relegando
as etapas de execução e avaliação a um segundo plano, invariavelmente
estabelece metas inatingíveis, muito além do exequível.
São os corvos das realizações.
Nossos avós, nos velhos tempos, já ensinavam - com
toda a circunspeção - o perfil do empreendedor: melhor é ter os pés no chão e a cabeça nas nuvens. Sonhar
sempre, mas com o compromisso fixo na transformação da realidade.
Ousar e sonhar é mais que necessário. É também
imperativo acreditarmos na possibilidade de romper os grilhões embrutecedores
da burocracia. Do mesmo modo, realizar é mais que vital. Interagir o sonho à
realidade é a meta a ser atingida. O grande desafio: ter a coragem de caminhar,
de ousar, de construir, de atuar em fina sintonia com os anseios da população
por progresso e justiça social.
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