Uma questão de fundo sustentou o
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. É uma questão que passa pela
política, mas a transcende para a economia e para o mundo das ideias. Diz
respeito, na essência, ao tipo de país que queremos ser, aos desafios do
desenvolvimento. Há um desafio político, evidente na conflagração que tomou
conta do Brasil nos debates sobre o impeachment. Mas o choque político é
reflexo imediato do desafio econômico. Sempre houve, entre partidários e
adversários de Dilma, duas visões distintas, até antagônicas, sobre nosso
futuro. A visão de Dilma foi resumida por ela mesma, assim que informada de sua
queda. “Uma poderosa força conservadora e reacionária”, afirmou, capturaria “as
instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo
econômico e do retrocesso social.” Para Dilma, liberalismo (a outra visão)
equivale a retrocesso.
No entender dela, um programa de
contenção de gastos públicos, privatização e reformas que reduzam o tamanho do
Estado implica necessariamente abrir mão de conquistas sociais – embora a
realidade mostre o contrário. Não é à toa que Dilma tenha sido cassada por
crimes de responsabilidade contra leis orçamentárias e fiscais. É como se a
preocupação fiscal fosse um tema secundário, acessório, citado apenas em
discursos e depoimentos para aplacar os humores, mas esquecido logo depois;
como se o Orçamento sempre pudesse acomodar mais gastos; como se o Estado
gerasse riqueza para arcar com o enorme rol de direitos imutáveis e crescentes,
de ordem trabalhista, sindical, previdenciária, fundiária, tributária ou do
sem-número de adjetivos que jamais cessam de proliferar em nosso abstruso
vocabulário jurídico e legal. Parece irrelevante o que a ciência econômica tem
a dizer de substantivo sobre o assunto. O ideal de matriz socialista que anima
tal visão ignora a relação inequívoca entre relaxamento fiscal e inflação,
entre imaturidade institucional e pobreza, entre liberdade e bem-estar.
É uma visão partilhada por
esquerdistas em todo o mundo. Sempre que confrontados com a realidade, fazem
questão de reconhecer os limites do socialismo. Dizem defender apenas um
capitalismo mais social, mais atento aos necessitados, mais humano, inspirado
num certo “modelo nórdico” ou “escandinavo” – lembrado pelo democrata Bernie
Sanders na atual campanha eleitoral americana. Para Sanders, Dilma e companhia,
a região que abriga Dinamarca, Noruega, Suécia e Finlândia forma uma espécie de
Asgard, a morada dos deuses, onde encontram o miraculoso elixir setentrional
que mistura alta carga tributária com alta renda per capita, forte
intervenção estatal com níveis elevados de educação e saúde, enormes gastos
sociais com índices reduzidos de pobreza e desigualdade.
O grande problema dessa poção mágica
é que ela é tão fantasiosa quanto a lança de Odin, o martelo de Thor ou a espada
de Siegfried. É tão somente uma lenda. A história recente dos países nórdicos
demonstra que seu êxito econômico e social é anterior ao inchaço estatal entre
as décadas de 1970 e 1990. “Altos níveis de confiança, uma forte ética de
trabalho, participação cívica, coesão social, responsabilidade individual e
valores familiares são características há muito estabelecidas nas sociedades
nórdicas, que antecedem o Estado de Bem-Estar Social”, escreve o bioquímico,
empreendedor e acadêmico Nima Sanandaji no recém-lançado Debunking
utopia – Exposing the myth of Nordic socialism (Desmistificando a utopia –
Revelando o mito do socialismo nórdico). No livro, ele faz uma análise
detalhada da história econômica e política da região para comprovar as raízes
liberais do sucesso escandinavo. De tabela, demonstra a dificuldade de lidar
com políticas sociais transformadas em armadilha para quem depende delas,
sobretudo os imigrantes.
Filho de curdos iranianos que
imigraram para a Suécia no início dos anos 1980, Sanandaji se beneficiou de
tudo aquilo que encanta os olhos da esquerda dilmo-sanderista: creches
públicas, ensino superior gratuito, licença-paternidade e os generosos
programas de alívio à pobreza a que todo imigrante tem direito. Eis o que ele
tem a dizer a respeito: “Distribuir alívio dessa forma é administrar um
narcótico, um destruidor sutil do espírito humano”. Os programas sociais se
tornaram uma forma de impedir a integração dos desfavorecidos, para quem se
tornou mais rentável depender do governo do que trabalhar. Numa cultura
homogênea, o Estado de Bem-Estar até funcionava. Com a heterogeneidade trazida
pela globalização, o tal “modelo nórdico” entrou em colapso. “A esquerda
global não compreende que uma cultura singular é a raiz do sucesso dos países nórdicos”,
diz Sanandaji. Assim como a esquerda brasileira insiste em não compreender que
uma cultura singular e uma visão fantasiosa da economia são as verdadeiras
raízes do fracasso político de Dilma e do PT.
Por HELIO GUROVITZ, na revista Época
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