A partir do ano que vem, professores, diretores e gestores de todo o
país poderão contar com avaliações prontas para serem aplicadas a estudantes de
ensino médio para averiguar o que foi e o que não foi aprendido durante a
pandemia.
Os
testes estarão disponíveis na plataforma Avaliações Diagnósticas e Formativas
desenvolvida pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd)
da Universidade Federal de Juiz de Fora em parceria com o Ministério da
Educação (MEC).
Além
de disponibilizar as avaliações, que podem ser baixadas e impressas para a
aplicação nas salas de aula, a plataforma também possibilita a análise dos
resultados dos exames e do desempenho dos estudantes, além de oferecer
respostas comentadas. A plataforma foi apresentada hoje (17) no Webinário
Nacional de Monitoramento do Novo Ensino Médio.
Segundo
a diretora do CAEd, Lina Kátia Mesquita de Oliveira, as avaliações são
importantes para acompanhar o desenvolvimento dos estudantes e para os
professores terem instrumentos detalhados para melhorar a aprendizagem. “Não
adianta pensar na implementação do currículo do ensino médio sem pensar em
proposta de nivelamento, sem pensar em acertar passo dos estudantes, para que
consigam prosseguir com sucesso seus estudos”, diz.
A
plataforma Avaliações Diagnósticas e Formativas já oferece cadernos de testes
para o ensino fundamental. A partir de 2022 serão disponibilizadas questões de
língua portuguesa, matemática, inglês e ciências da natureza voltadas para o
ensino médio. De acordo com Lina, os testes irão considerar as diretrizes para
o novo ensino médio, que começa a ser implementado nas escolas públicas e
particulares de todo o país no ano que vem. “Toda a rede vai ter acesso
conjunto de testes que poderão ser aplicados livremente pelo professor”, diz.
O
novo ensino médio foi aprovado em 2017, e está previsto na Lei 13.415 de 2017.
Com o novo modelo, parte das aulas será comum a todos os estudantes do país,
direcionada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Na outra parte da
formação, os próprios alunos poderão escolher um itinerário para aprofundar o
aprendizado. Poderão escolher dar ênfase, por exemplo, às áreas de linguagens,
matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ao ensino técnico. A
oferta dos itinerários vai depender também da capacidade de oferta das redes de
ensino e das escolas.
O
cronograma definido este ano pelo MEC estabelece que o novo ensino médio
começará a ser implementado em 2022, de forma progressiva, começando pelo 1º
ano do ensino médio. Em 2023, a implementação segue, com os 1ª e 2ª anos e, em
2024, o ciclo de implementação termina, com os três anos do ensino médio.
De
acordo com Lina, a pandemia e a suspensão das aulas presenciais tiveram impacto
no aprendizado dos estudantes e acirraram as desigualdades brasileiras.
Enquanto alguns estudantes tiveram acesso a aulas remotas e seguiram com o
aprendizado, outros sequer tinham dispositivos digitais para acessar os
materiais escolares. As avaliações poderão contribuir para o diagnóstico de
aprendizagem de cada um dos alunos.
Dados
apresentados pela consultora do Banco Mundial Fátima Alves, que também
participou nesta sexta-feira do evento online, estimam que o Brasil tenha uma
redução de 50 pontos no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) em
decorrência do fechamento de escolas na pandemia. Na avaliação, 35 pontos equivalem
a mais ou menos um ano de estudos.
"Infelizmente,
quando se pensa que já se estava vivendo uma crise de aprendizagem antes da
pandemia, isso se agrava ainda mais e percebe-se grandes perdas de
aprendizagem”, diz Fátima. A consultora defende que as avaliações diagnósticas
podem ajudar a detectar as desigualdades e a medir a aprendizagem. "É
importante conhecer o quanto se perdeu, mas também essa heterogeneidade, saber
como [os estudantes] se encontram na trajetória de aprendizagem em relação ao
que se estava esperando antes da pandemia”.
Ensino híbrido
O
MEC deverá lançar em janeiro de 2022 a Rede de Inovação para Aprendizagem
Híbrida, com a instalação de 52 centros de mídia nos 26 estados e no Distrito
Federal, segundo o coordenador-geral de Ensino Médio do MEC, Fernando
Wirthmann. A rede, cujo projeto foi desenvolvido em parceria com a Universidade
Federal de Alagoas e com o Banco Mundial, baseia-se em iniciativas que já
existem em estados como Amazonas, São Paulo e Piauí. Tratam de espaços com
tecnologia para a gravação e transmissão ao vivo de aulas, além de possibilitar
a interação com estudantes de forma remota.
Segundo
o secretário, a iniciativa irá ajudar na implementação do novo ensino médio,
sobretudo dos itinerários formativos, possibilitando o acesso remoto a
formações específicas por diversos estudantes em todo o país. Para a Rede estão
previstos cerca de R$ 40,5 milhões.
Mariana Tokarnia, Agência
Brasil
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