O
ministro das Relações Exteriores, Carlos França, disse, nesta sexta-feira, que
o governo discute medidas para atrair fabricantes de semicondutores para o
Brasil. Fortemente afetada pela pandemia de Covid-19, os produtores de chips e
componentes eletrônicos, centralizados basicamente em países asiáticos, não
conseguem atender à demanda mundial de indústrias de diversos setores em todo o
mundo, como nos Estados Unidos e na Europa.
França afirmou que tem conversado sobre o assunto com
o ministro da Economia, Paulo Guedes, e integrantes da equipe econômica sobre a
possibilidade de criação de zonas de processamento de exportações (distritos
industriais com vantagens como isenção de impostos, liberdade cambial e
procedimentos administrativos simplificados). O Brasil ficaria com parte da
produção para o mercado doméstico.
— Não precisa ser, necessariamente, a produção de um
microcomponente de última geração, de ponta, mas talvez no nível do que se usa
na indústria automobilística e de televisor. Seria uma grande começo para nós —
explicou o chanceler, ao participar de um seminário sobre diplomacia da
inovação.
Ele acrescentou que a criação dessas zonas de
processamento dariam segurança jurídica para a atração de investimentos nessa
área.
No Brasil, as montadoras de veículos não conseguem
atender totalmente a demanda. Os semicondutores são usados como insumos para a
fabricação de chips para funções diversas, incluindo ligar o carro e acionar
sistemas de segurança. Além da escassez, os produtos estão com os preços super
elevados, o que pressiona os custos das empresas.
Carlos França destacou que houve ruptura nas cadeias
de produção em países como Malásia, Taiwan e Coreia do Sul, além de problemas
logísticos, como a falta de navios, devido à decretação de lockdown. Ele
destacou que os Estados Unidos já apostam em fábricas no Texas e no México. São
plantas que levam de três a cinco anos para serem montadas.
— O Brasil tem uma capacidade que não é desprezível.
Temos boas reservas de terras raras (substâncias químicas usadas na confecção
de semicondutores e outros itens industriais) e água suficiente para a
fabricação de microcomponentes. A pandemia provou ao mundo que é preciso atrair
a produção, hoje concentrada na Ásia — ressaltou.
Eliane Oliveira, O Globo
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