Em meio ao temor de um calote, as ações da gigante do setor imobiliário chinesa Evergrande chegaram a cair 19% e fecharam em queda de 10% nesta segunda-feira (dia 20) em Hong Kong, derrubando a Bolsa local e levando turbulências aos mercados globais.
Com mais de US$ 300 bilhões em dívidas,
a Evergrande é a segunda maior incoroporadora imobiliária da China e o temor é
de que um colapso na empresa afete o setor financeiro chinês e também a
indústria da construção civil no país.
Isso poderia causar um efeito cascata
afetando não só a China, mas todo o mercado financeiro e de crédito mundial.
Por essa razão, as Bolsas de vários países, inclusive o Brasil, despencaram
nesta segunda-feira.
Mas, como a Evergrande se tornou tão
grande e por que entrou em crise? Entenda, abaixo, como a empresa virou uma dor
de cabeça para Pequim:
A Evergrande é a incorporadora mais
endividada do mundo e, na semana passada, sinalizou a seus credores que talvez
não conseguisse honrar seus débitos.
Os próximos dias serão decisivos. A
empresa tem um pagamento de US$ 83,5 milhões em juros de dívida a honrar na
quinta-feira. Nesta segunda, um débito menor, cujo valor não foi informado,
também venceria, mas com prazo de carência até terça-feira. E, segundo fontes
da Bloomberg, autoridades chinesas já alertaram aos credores que não devem
esperar este pagamento.
O problema é que o timing não poderia
ser pior: comemora-se um feriado nacional nestas segunda e terça-feira, o
Festival da Lua, e os mercados estarão fechados na China continental, porém
abertos em Hong Kong. Na quarta-feira, os mercados reabrem na China, mas fecham
em Hong Kong. Investidores tentam assim se posicionar para não serem pegos de
surpresa após os feriados.
Ao todo, a empresa tem US$ 669 milhões
em juros a pagar até o fim do ano, segundo dados compilados pela Bloomberg. A
agência de classificação de risco Fitch já rebaixou todos os vencimentos da
empresa para este mês como "junk", ou seja, com risco provável de
calote.
Alguns desses papéis estão sendo
negociados no mercado secundário por apenas 30% de seu valor de face - num
forte sinal de que os investidores não esperam reaver seu dinheiro.
Diante da incerteza sobre como Pequim
vai atuar para lidar com a crise, muitos investidores partiram para a
estratégia “vender primeiro e perguntar depois”.
O presidente Xi Jinping terá que atuar
num equilíbrio difícil entre reduzir o elevado nível de endividamento das
incorporadoras chinesas e, ao mesmo tempo, garantir sua estratégia de oferecer
moradia a preço acessível para os chineses. E fazer tudo isso sem provocar um
grande estrago no mercado financeiro chinês.
- É o que os chineses iriam descrever
como tentar escapar de um tigre – resume Justin Tang, chefe de pesquisas sobre
a Ásia no United First Partners.
A incorporadora já construiu mais de
1.300 projetos em 280 cidades chinesas. É a segunda maior do setor na China,
com receita anual de US$ 73,6 bilhões.
Com sede na cidade de Shenzhen, no sul
da China, a empresa foi fundada por Hui Ka Yan, até hoje seu maior acionista e
presidente, em 1996, em Guangzhou, e cresceu baseada em empréstimos volumosos.
Hoje é um conglomerado, com atuação vai
bem além do setor imobiliário, com negócios tão diversificados como carros
elétricos (Evergrande New Energy Auto), internet e mídia (HengTen Networks),
parques temáticos (Evergrande Fairyland) e uma empresa de comida e água mineral
(Evergrande Spring).
Em 2010, comprou um time de futebol, o
Guangzhou Evergrande, que construiu o que se acredita ser a maior escola de
futebol do mundo, a um custo de US$ 185 milhões para o conglomerado.
Atualmente, participa da construção do
maior estádio de futebol do mundo, que espera que esteja concluída no próximo
anos. O estádio de US$ 1,7 bilhão terá o formato de uma flor de lótus gigante e
terá capacidade para 100 mil pessoas.
Atualmente, participa da construção do
maior estádio de futebol do mundo, que espera que esteja concluída no próximo
anos. O estádio de US$ 1,7 bilhão terá o formato de uma flor de lótus gigante e
terá capacidade para 100 mil pessoas.
De origem humilde, filho de um
lenhador, Hui é membro do Partido Comunista há 35 anos. E investe em setores
considerados estratégicos por Pequim, como carros elétricos e medicina tradicional
chinesa.
O empresário é também um proeminente
filantropo. E seu investimento num time de futebol mostra que ele compartilha
com Xi a paixão pelo esporte.
Em 14 de setembro, a Evergrande
anunciou que havia contratado consultores financeiros para ajudar a avaliar a
situação e buscar todas as soluções viáveis o miais rápido possível. No
entanto, ainda não conseguiu encontrar compradores para peças de seus veículos
elétricos e negócios de serviços imobiliários, como não fez progressos em busca
de investidores.
A empresa também está tentando vender
sua torre de escritórios em Hong Kong, que comprou por cerca de US$ 1,6 bilhão
em 2015, mas ainda não obteve sucesso neste sentido.
Os problemas de Evergrande
espalharam-se pelas ruas na semana passada, quando os protestos irromperam em
sua sede em Shenzhen se espalharam por cidades em toda a China.
Já os acionistas estão cautelosos há
meses: as ações caíram mais de 80% de seu valor este ano. Nesta segunda-feira,
os papeis da Evergvrande chegaram a cair 19% e fecharam em queda de 10% em Hong
Kong.
No início deste mês, as agências de
classificação de risco Fitch e a Moody's rebaixaram as notas de crédito da
Evergrande, citando seus problemas de liquidez.
A resposta do governo chinês até agora
tem se limitado em grande parte à atuação do Banco Popular da China, que
injetou 90 bilhões líquidos de yuans no sistema bancário na sexta-feira. E
outros 100 bilhões de yuans no sábado.
O governo central e a província de
Guangdong poderiam forçar uma reestruturação da empresa. Segundo interlocutores
locais, Pequim teria instruído as autoridades de Guangdong a criar um plano de
renegociação de dívidas para a Evergrande, o que incluiria uma ação coordenada
com potenciais compradores de ativos da empresa.
Mas há dúvidas se o governo poderia
fazer um socorro direto. Apoiar a Evergrande com recursos públicos poderia
incentivar uma estratégia de negócios imprudente que já deixou em apuros
contras gigantes como o grupo HNA e o Anbang.
Acabar com o “risco moral” - termo
usado para definir as decisões de investidores que apostam pesado contando com
um resgate estatal caso tudo dê errado — também poderia deixar o setor
financeiro mais resiliente a longo prazo. Mas deixar uma gigante como a
Evergrande ir à lona teria efeitos dramáticos no sistema financeiro chinês e
afetaria centenas de mutuários da casa própria no país.
Seria um risco político e de
descontentamento social que talvez o Partido Comunista não esteja disposto a
correr.
Extra
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