Presidente
da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira acredita que associações
empresariais têm uma responsabilidade 'brutal' nas próximas eleições: a
obrigação de falar de princípios. Ele combate a ideia de votar no candidato
'menos ruim' ou em um possível 'salvador da pátria'.
'A sociedade não entende. O roubo está matando
pessoas'
Antes de imaginar em quem votar, precisamos pensar no perfil. E o predicado principal é alguém que assuma esse cargo como uma missão e entregue o que prometer. Temos uma janela de oportunidade, que talvez seja a última, que é o negócio do petróleo. Como o Rio de Janeiro está na fronteira de desenvolvimento do petróleo no mundo, tem essa chance se for dirigido de forma íntegra por pessoas que tenham os pés no chão e entreguem um estado bem administrado socialmente.
Há alguém com esse perfil?
A sociedade precisa pensar nisso. Não podemos votar no menos ruim. Outro problema é achar que precisamos de um salvador da pátria. Os políticos perderam o bom vício de falar a verdade e cumprir a palavra. A consequência é que seja razoável que alguém que não venha do setor mereça nosso voto.
Como o senhor vê a entrada de empresários na disputa eleitoral?
Está bem se as pessoas se sentem capazes, independentemente da profissão, e querem trabalhar para o bem comum.
O futuro governante do Rio consegue recuperar o estado em uma gestão?
Não podemos imaginar que o Rio pode ser transformado de um dia para o outro. Queremos que haja um grupo com vontade de colocar o estado na boa direção. E, sendo a situação tão ruim, qualquer ação nesse sentido a sociedade vai entender. E os ânimos vão melhorar. Hoje as lideranças que nos governaram estão todas presas, do Executivo ao Legislativo. Esperamos que em janeiro venha a luz.
O senhor está esperançoso?
Se não tivermos esperança,vamos para onde? É razoável todo dia ter crianças morrendo? Como alguém acha normal desviar dinheiro de hospital? Quando se desvia recurso público, deixa-se de atender as pessoas. A sociedade não entende a relação. O roubo está matando pessoas.
Sociedade organizada, ONGs e associações empresariais têm o papel de promover a conscientização nessa eleição?
Nós (da Firjan) não devemos fazer campanha partidária. Mas temos obrigação de falar de princípios. Essas lideranças têm responsabilidade brutal. Não será fácil separar o joio do trigo, mas as informações hoje fluem melhor.
Qual sua visão sobre a intervenção federal na Segurança?
Não tinha outro jeito. Tem que dar certo. Estamos numa guerra. Outra coisa que não se fala é que os tubarões do tráfico não estão na favela. E, para pegá-los, é preciso muita investigação. É evidente que eles apoiam determinados candidatos. Há exceções, mas políticos pedem votos à bandidagem. O tráfico alimenta campanhas.
A intervenção pode resolver isso?
Pode trazer a público determinadas coisas. Há 22 anos, tive um filho sequestrado e achava que estávamos no fundo do poço. Não imaginei que pudesse ficar muito pior. Na época, o sequestro atingia poucas pessoas, de forma dramática. Mas hoje se sequestra a esperança das pessoas.
Em 2016, o senhor disse que a LavaJato trazia problemas para a economia, mas seria benéfica para a sociedade. Isso aconteceu?
Estou convencido de que o grande empresário e as pessoas vão parar de dar dinheiro, com medo de ir para a cadeia. Estamos passando a limpo o Brasil.
Ainda que tenhamos parlamentares fazendo negociações ilícitas e o Congresso barrando investigações de corrupção contra o presidente?
Pode ser que o STF não vote como achamos uma vez. Mas descobrimos uma doença em todos os níveis da política.
O que a elite empresarial pode fazer
para acelerar a mudança?
As pessoas precisam entender que nem o pequeno desvio é aceitável, ou chega-se a esse descalabro.
Como viu a solução para pôr fim à greve dos caminhoneiros?
Faltou reduzir a imprevisibilidade do preço ao consumidor final. O governo tenta tabelar produto na bomba, estipula frete mínimo. Fez trapalhada, mas a falta de reformas levou ao problema fiscal. O Congresso acha que dinheiro brota.
O governo desconfia de locaute.
Não gostaria de analisar quem foi o responsável. Ou encaramos o que deve ser feito ou as soluções serão essas, beirando o ridículo. A responsabilidade é dos políticos.
O ex-presidente da Petrobras fez o certo ao deixar a empresa?
Ele cumpria uma combinação. Reagiu corretamente. Ao ver que aquele não era mais o combinado, ele se sentiu livre para jogar a toalha.
Antes de imaginar em quem votar, precisamos pensar no perfil. E o predicado principal é alguém que assuma esse cargo como uma missão e entregue o que prometer. Temos uma janela de oportunidade, que talvez seja a última, que é o negócio do petróleo. Como o Rio de Janeiro está na fronteira de desenvolvimento do petróleo no mundo, tem essa chance se for dirigido de forma íntegra por pessoas que tenham os pés no chão e entreguem um estado bem administrado socialmente.
Há alguém com esse perfil?
A sociedade precisa pensar nisso. Não podemos votar no menos ruim. Outro problema é achar que precisamos de um salvador da pátria. Os políticos perderam o bom vício de falar a verdade e cumprir a palavra. A consequência é que seja razoável que alguém que não venha do setor mereça nosso voto.
Como o senhor vê a entrada de empresários na disputa eleitoral?
Está bem se as pessoas se sentem capazes, independentemente da profissão, e querem trabalhar para o bem comum.
O futuro governante do Rio consegue recuperar o estado em uma gestão?
Não podemos imaginar que o Rio pode ser transformado de um dia para o outro. Queremos que haja um grupo com vontade de colocar o estado na boa direção. E, sendo a situação tão ruim, qualquer ação nesse sentido a sociedade vai entender. E os ânimos vão melhorar. Hoje as lideranças que nos governaram estão todas presas, do Executivo ao Legislativo. Esperamos que em janeiro venha a luz.
O senhor está esperançoso?
Se não tivermos esperança,vamos para onde? É razoável todo dia ter crianças morrendo? Como alguém acha normal desviar dinheiro de hospital? Quando se desvia recurso público, deixa-se de atender as pessoas. A sociedade não entende a relação. O roubo está matando pessoas.
Sociedade organizada, ONGs e associações empresariais têm o papel de promover a conscientização nessa eleição?
Nós (da Firjan) não devemos fazer campanha partidária. Mas temos obrigação de falar de princípios. Essas lideranças têm responsabilidade brutal. Não será fácil separar o joio do trigo, mas as informações hoje fluem melhor.
Qual sua visão sobre a intervenção federal na Segurança?
Não tinha outro jeito. Tem que dar certo. Estamos numa guerra. Outra coisa que não se fala é que os tubarões do tráfico não estão na favela. E, para pegá-los, é preciso muita investigação. É evidente que eles apoiam determinados candidatos. Há exceções, mas políticos pedem votos à bandidagem. O tráfico alimenta campanhas.
A intervenção pode resolver isso?
Pode trazer a público determinadas coisas. Há 22 anos, tive um filho sequestrado e achava que estávamos no fundo do poço. Não imaginei que pudesse ficar muito pior. Na época, o sequestro atingia poucas pessoas, de forma dramática. Mas hoje se sequestra a esperança das pessoas.
Em 2016, o senhor disse que a LavaJato trazia problemas para a economia, mas seria benéfica para a sociedade. Isso aconteceu?
Estou convencido de que o grande empresário e as pessoas vão parar de dar dinheiro, com medo de ir para a cadeia. Estamos passando a limpo o Brasil.
Ainda que tenhamos parlamentares fazendo negociações ilícitas e o Congresso barrando investigações de corrupção contra o presidente?
Pode ser que o STF não vote como achamos uma vez. Mas descobrimos uma doença em todos os níveis da política.
O que a elite empresarial pode fazer
para acelerar a mudança?
As pessoas precisam entender que nem o pequeno desvio é aceitável, ou chega-se a esse descalabro.
Como viu a solução para pôr fim à greve dos caminhoneiros?
Faltou reduzir a imprevisibilidade do preço ao consumidor final. O governo tenta tabelar produto na bomba, estipula frete mínimo. Fez trapalhada, mas a falta de reformas levou ao problema fiscal. O Congresso acha que dinheiro brota.
O governo desconfia de locaute.
Não gostaria de analisar quem foi o responsável. Ou encaramos o que deve ser feito ou as soluções serão essas, beirando o ridículo. A responsabilidade é dos políticos.
O ex-presidente da Petrobras fez o certo ao deixar a empresa?
Ele cumpria uma combinação. Reagiu corretamente. Ao ver que aquele não era mais o combinado, ele se sentiu livre para jogar a toalha.
Por JEFERSON RIBEIRO, em O
Globo
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