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Imagem de satélite mostra erupção submarina em Tonga em 15 de janeiro de 2022 — Foto: Cortesia/Serviço Meteorológico de Tonga |
Ocorrida em janeiro, a erupção do vulcão no Pacífico Sul expulsou
uma quantidade de vapor de água para a estratosfera terrestre em proporção não
registrada em 18 anos de medições deste tipo de fenômeno.
A erupção ocorrida no arquipélago de Tonga em janeiro
lançou uma nuvem de vapor de água na estratosfera da Terra capaz de influenciar
temporariamente no clima do planeta. O vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai,
localizado no Oceano Pacífico Sul, expeliu água o suficiente para encher mais
de 58 mil piscinas olímpicas, e o evento foi considerado mais potente que a
bomba de Hiroshima.
O vapor originado pela explosão foi detectado pelo
Microwave Limb Sounder (MLS), da NASA, responsável por medir a emissão gases
atmosféricos.
Segundo um estudo sobre o impacto da erupção na
hidratação da atmosfera, o fenômeno pode acabar aquecendo temporariamente a
superfície da Terra. Os pesquisadores não fizeram uma projeção de qual seria o
impacto exato nos termômetros e nem do tempo exato dessa influência no clima.
Publicado na "Geophysical Research Letters",
a pesquisa examina a quantidade de vapor de água que o vulcão Tonga expeliu
para a estratosfera, camada que fica entre 12 e 53 quilômetros acima da
superfície da Terra.
“Nunca vimos nada parecido”, disse Luis Millán,
cientista atmosférico do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa no sul da
Califórnia e líder do estudo.
Imagens de antes e depois, captadas por um satélite,
mostram o estrago. A erupção deixou mortos no Peru e foi sentida até no Alasca.
Evento
raro
A estimativa é de que foram lançados cerca de 146
teragramas (1 teragrama equivale a um trilhão de gramas) de vapor d'água na
estratosfera. Isso representa 10% do vapor presente nessa camada.
Depois do evento, a equipe do MLS começou a ver
leituras de vapor de água que estavam fora dos gráficos padrão. “Tivemos que
inspecionar cuidadosamente todas as medições para garantir que fossem
confiáveis”, disse Millán.
Essa magnitude só foi possível devido a formação
subaquática do vulcão. A estrutura, chamada de caldeira, é uma depressão em
forma de bacia, geralmente formada após a erupção de magma. No caso do Tonga,
fica localizada em uma profundidade no oceano que possibilitou a enorme expulsão
de vapor.
Raramente uma erupção tem essa capacidade. Durante os
18 anos em que a Nasa rastreia esses dados, apenas duas outras tiveram a
capacidade de expelir quantidade significativa de vapor para altitudes tão
altas: o evento Kasatochi, em 2008 no Alasca; e a erupção Calbuco, em 2015, no
Chile.
No entanto, o vapor de água de ambas as erupções
anteriores se dissipou rapidamente, e o que foi expelido por Tonga ficará na
atmosfera por vários anos.
Efeitos
A erupção submarina causou tsunamis e pôde ser ouvida
até nos Estados Unidos, devido ao estrondo sônico que circulou o globo duas
vezes.
Além disso, o vapor pode influenciar a química
atmosférica, aumentando reações que podem acelerar a destruição da camada de
ozônio temporariamente.
O fenômeno se soma aos efeitos do aumento crescente da
temperatura na Terra: recentes relatórios do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC) mostram que as temperaturas mundiais estão subindo
por causa da atividade humana.
Depois de uma erupção é mais comum que ocorra um
resfriamento da atmosfera, uma vez que as cinzas expelidas pelos vulcões
refletem a luz solar de volta ao espaço. No caso de Tonga, cinzas tóxicas
contaminaram as reservas de água, as colheitas foram destruídas e pelo menos
duas aldeias foram varridas do mapa.
g1.globo.com
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