Os dirigentes do
Federal Reserve (Fed), o banco central americano, concordaram com a necessidade
de eventualmente diminuir o ritmo dos aumentos das taxas de juros. No entanto,
antes de qualquer decisão, eles devem avaliar como o aperto monetário
funcionará para conter a inflação nos Estados Unidos
É o que mostra a ata da
última reunião de política monetária do banco, realizada em julho, na qual o
Fed decidiu elevar em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juros do país,
para um intervalo de 2,25% a 2,5% ao ano. O documento, divulgado hoje, era
aguardado por investidores em busca de sinais sobre os próximos passos do Fed
em relação aos juros, que têm impacto nos mercados financeiros do mundo todo.
“À medida que a postura da
política monetária se tornasse ainda mais restritiva, provavelmente seria
apropriado em algum momento desacelerar o ritmo dos aumentos da taxa básica de
juros enquanto avalia os efeitos dos ajustes cumulativos da política monetária
sobre a atividade econômica e a inflação”, destaca o documento.
Alguns participantes
indicaram que, uma vez que a taxa básica de juros atingisse um nível
suficientemente restritivo, provavelmente seria apropriado manter esse nível
por algum tempo para garantir que a inflação se aproximasse dos 2%, que é a
meta de inflação do banco.
Em junho, o índice de preços
ao consumidor americano (CPI, na sigla em inglês), chegou a 9,1% em 12 meses,
maior alta desde 1981. No mês seguinte, o CPI deu sinais de trégua,
desacelerando para os 8,5% na base anual.
Política restritiva é
necessária para ancorar expectativas
Ao discutir possíveis ações
para as próximas reuniões, os participantes continuaram a antecipar que os
aumentos contínuos nos juros seriam apropriados para atingir os objetivos do
banco.
"Com a inflação
permanecendo bem acima do objetivo do Comitê, os participantes julgaram que a
mudança para uma postura restritiva da política era necessária para cumprir o
mandato legislativo do Comitê de promover o máximo de emprego e estabilidade de
preços", afirma a ata.
Durante a reunião, todos os
participantes concordaram que era apropriado aumentar os juros em 0,75 ponto
percentual. A ata mostra que a mudança para uma postura de política
apropriadamente restritiva era essencial para evitar a desancoragem das
expectativas de inflação.
Além disso, vários membros
avaliaram que o aperto contínuo da política monetária estava ajudando a aliviar
as preocupações entre os participantes do mercado e os formadores de salários e
preços de que a inflação elevada se tornaria arraigada.
O documento mostra que,
embora os recentes declínios nos preços da gasolina provavelmente ajudassem a
produzir taxas de inflação mais baixas no curto prazo, os declínios nos preços
do petróleo e de algumas outras commodities não poderiam ser considerados como
base para uma inflação mais baixa por mais tempo, já que esses preços poderia
se recuperar rapidamente.
Condições econômicas
Em sua discussão sobre as
condições econômicas atuais, os dirigentes notaram que os indicadores recentes
de gastos e produção haviam abrandado. No entanto, os ganhos de emprego foram
robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa.
No entanto, muitos
dirigentes também observaram que havia alguns sinais preliminares de uma
perspectiva de abrandamento para o mercado de trabalho, como aumentos nos
pedidos iniciais de seguro-desemprego semanais, reduções nas taxas de
desistência e vagas, crescimento mais lento nas folhas de pagamento do que no
início do ano, e relatos de cortes nas contratações em alguns setores.
"A inflação permaneceu
elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia,
preços mais altos de alimentos e energia e pressões de preços mais
amplas", informa a ata.
Para eles, a guerra entre
Ucrânia e Rússia e os eventos relacionados ao conflito estavam criando uma
pressão ascendente adicional sobre a inflação, o que pressiona a atividade
econômica global.
O Globo
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