Em Tóquio, Scorsese lança "Silêncio" e homenageia cristãos escondidos |
O cineasta Martin Scorsese declarou em Tóquio nesta
segunda-feira sua admiração pelos "kakure kirishitan", os cristãos
escondidos japoneses torturados pelas autoridades do país no século XVII, um
capítulo da história contado em seu novo filme.
"Sinto
uma grande admiração por sua coragem e sua convicção", disse o premiado
diretor americano durante a apresentação de "Silêncio" no Japão, que
tem estreia prevista para o próximo sábado e que deve chegar ao Brasil no
início de fevereiro.
Segundo
Scorsese, lançar o filme no Japão "é como um sonho que se torna
realidade" após uma "peregrinação" pessoal que durou quase 30
anos.
"Foi
um longo processo, principalmente, porque a primeira vez que li o livro senti
que queria fazer o filme, mas não sabia como. Tinha muito que ver com as minhas
próprias inclinações religiosas e minhas dúvidas", confessou, emendando
que "Silêncio" é o resultado de um grande movimento de
"aprendizagem de tentativa e erro".
Baseado
no livro homônimo do japonês Shusaku Endo (1923-1996) publicado em 1966, o
filme narra o desespero de missionários jesuítas portugueses no século XVII ao
se depararem com o silêncio de Deus frente às torturas das autoridades
japonesas contra os católicos.
Apesar
de a Igreja Católica já ter tido 400 mil fiéis, "atualmente restam algumas
centenas", explicou durante o evento Shigenori Murakami, de 66 anos,
descendente de um dos torturados.
Ele
confessou que chorou ao ver o filme e disse que gostaria que todo mundo tivesse
a oportunidade de assistir ao longa.
"Ele
narra a história de nossos antepassados, que deram a vida para manter a
fé", afirmou.
Scorsese,
que agradeceu a participação de Murakami no evento como mostra do legado
daqueles que são retratados no filme, declarou tentou ser "o mais real
possível" no filme em respeito aos católicos japoneses. EFE
EFE