Fiscalizar os
fiscais
Os
tribunais de contas foram criados para vigiar o uso do dinheiro público. No
país das empreiteiras, é sempre bom ter alguém para fiscalizar os fiscais.
Há duas semanas, a
Polícia Federal amanheceu n aporta d opresidente do Tribunal de Contas do
Estado do Rio, Jonas Lopes. Ele virou alvo da Lava Jato por suspeita de
envolvimento nos esquemas de Corrupção do governo Sérgio Cabral.
O chefe do TCE foi
citado por delatores de ao menos três empreiteiras: Andrade Gutierrez, Odebrecht
e Carioca Engenharia. Os executivos afirmam que ele cobrava propina para fazer
vista grossa às estripulias das empresas no Estado.
As suspeitas
envolvem obras milionárias ligadas à Copa do Mundo e à Olimpíada, como a
reforma do Maracanã e a expansão de metrô até a Barra da Tijuca. De acordo com
as investigações, o TCE cobrava pedágio de 1% do valor de cada projeto.
Leandro Azevedo,
ex-diretor da Odebrecht, descreveu em detalhes o caso do estádio de futebol.
Ele conta que procurou Lopes em 2013, por orientação de um secretário do
governo Cabral, para acertar o parcelamento dos repasses ilegais.
No fim do ano
seguinte, o chefe do TCE teria marcado outra reunião para reclamar de atraso no
crediário da propina. Na época, os primeiros presos da Lava Jato já contavam
alguns meses de cana em Curitiba.
Há duas semanas,
Lopes se declarou indignado e disse 'repudiar com v ee mência ' as acusações.
Nesta quarta (28), ele aproveitou o clima de férias para ensaiar uma saída à
francesa. Pediu licença de três meses para 'cuidar de projetos pessoais',
segundo sua assessoria.
Os avanços da Lava
Jato sugerem que o TCE fluminense está longe de ser uma exceção. Ao menos três
ministros do Tribunal de Contas da União são formalmente investigados por
suspeita de Corrupção. Um deles, Raimundo Carreiro, acaba de ser premiado. No
início do mês, foi eleito o novo presidente da corte.
Folha de S. Paulo
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Em 1800, o maior escritor russo, Nicolai Gogol, escreveu sobre a corrupção que sangra o Brasil contemporâneo. Quer saber mais?, clique aqui.
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