No Brasil, em 2018, foram geradas 79
milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, um aumento de pouco menos de
1% em relação ao ano anterior. Desse montante, 92% (72,7 milhões) foram
coletados - uma alta de 1,66% em comparação a 2017, o que mostra que a coleta
aumentou num ritmo um pouco maior que a geração. Apesar disso, 6,3 milhões de
toneladas de resíduos ficaram sem ser recolhidos nas cidades.
Os dados fazem parte do Panorama dos
Resíduos Sólidos, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais (Abrelpe), lançado hoje (8). Comparando com os países da
América Latina, o Brasil é o campeão de geração de lixo, representando 40% do
total gerado na região (541 mil toneladas/dia, segundo a ONU Meio Ambiente).
“Os números mostrados no panorama
colocam o Brasil numa posição muito abaixo de outros países que estão no mesmo
nível de renda do Brasil. O nosso déficit é muito grande e nós precisamos
realmente de medidas urgentes para não só recuperar esse déficit, como avançar
em direção a melhores práticas de gestão de resíduos sólidos”, disse o
presidente da entidade, Carlos Silva Filho.
Os resíduos sólidos urbanos
correspondem a todos os tipos de resíduos sólidos - que resultam de atividades
de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços e de varrição, e, em alguns casos, de coleta de entulhos - gerados nas
cidades e coletados pelos serviços locais.
A tendência de crescimento na geração
de resíduos sólidos urbanos no país deve ser mantida nos próximos anos.
Estimativas realizadas com base na série histórica mostra que o Brasil
alcançará uma geração anual de 100 milhões de toneladas por volta de 2030.
“Há uma consolidação na geração de
resíduos sólidos, o que não está sendo acompanhada na oferta da infraestrutura
necessária para lidar com todos esses resíduos. O que a gente percebe é que a
geração de lixo aumenta no Brasil, mas a destinação adequada, a reciclagem, a
recuperação, não acompanham esse crescimento na geração”, avaliou Silva Filho.
Coleta ameaçada
Em 2018, 29,5 milhões de toneladas de
resíduos sólidos urbanos seguiram para lixões - Wilson Dias/Arquivo
Agência Brasil
De acordo com o estudo, há um
contingente considerável de pessoas que não são alcançadas por serviços
regulares de coleta porta a porta: 1 em cada 12 brasileiros não tem coleta
regular de lixo na porta de casa.
Na visão do presidente da Abrelpe, a
falta de recursos dos municípios é um dos motivos. “Temos dois problemas, um é
justamente a falta de percepção da importância da gestão adequada de resíduos
sólidos para proteger o meio ambiente e para prevenir doenças, não existe essa
percepção clara na sociedade e no Poder Público. O segundo fator, que é mais
grave, é que, como esse serviço é municipal e os municípios estão bastante
endividados, não têm recursos para custear todo esse processo”, lamenta Silva
Filho.
A estagnação ou o retrocesso de alguns
índices é potencializado pela falta de recursos destinados para custeio dos
serviços de limpeza urbana que, em 2018, registrou queda de 1,28% de
investimentos, além da perda de quase 5 mil postos de trabalho direto/formal.
Para a execução de todos os serviços de limpeza urbana foram aplicados pelos
municípios apenas R$ 10,15 por habitante/mês, em média.
De acordo com o estudo, o país
utiliza o aterro sanitário como forma de disposição ambientalmente correta
(59,5% do volume coletado). Entretanto, mais de 3 mil municípios ainda destinam
seus resíduos para locais inadequados.
Em 2018, 29,5 milhões de toneladas de
resíduos sólidos urbanos seguiram para lixões ou aterros controlados, que não
contam com um conjunto de sistemas e medidas necessários para proteger a saúde
das pessoas e o meio ambiente contra danos e degradações. Considerando países
com a mesma faixa de renda (países de média-alta renda, segundo classificação
do Banco Mundial), o Brasil apresenta índices bastante inferiores, pois a média
para destinação adequada nessa faixa de países é de 70%.
Conscientização ambiental
A Abrelpe enfatiza que a coleta
seletiva está distante de ser universalizada, e que os índices de reciclagem
estão estagnados há quase uma década. Para a entidade, enquanto o mundo fala em
economia circular e alternativas mais avançadas de destinação/reaproveitamento
de resíduos, o país ainda registra lixões em todas as regiões e precisa lidar
com um problema de comportamento da população: o brasileiro ainda está
aprendendo a jogar lixo no lixo e a fazer a separação do resíduo com potencial
de reciclagem.
“Na questão da reciclagem, para que
ela aconteça, a primeira etapa começa justamente com o cidadão, que precisa
estar conscientizado da necessidade de separar o lixo dentro de casa, estar
educado de como fazer essa separação de maneira correta e a grande maioria da
sociedade brasileira não tem essa consciência. A partir do momento que não há
essa preparação dentro de casa, toda a sequência na cadeia da reciclagem acaba
sendo prejudicada”, avaliou o presidente da Abrelpe.
Da Agência Brasil
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