Eventual prejuízo a Estocolmo teria de ser coberto com dinheiro público |
Muito bem, o Brasil tem sido palco de megaeventos esportivos de
dimensões planetárias. Bom? Poderia ser excelente, caso tivéssemos a habilidade
de utilizar esses eventos como oportunidade para catapultar o desenvolvimento,
investir em infraestrutura, gerar empregos, descortinar uma nova era de avanços
e sustentabilidade... mas qual?!, parece que estamos engessados, paralisados,
enlameados num lodaçal onde se misturam, exclusivamente, corrupção, lavanderia e
politicagem... Como bem lembrou o Presidente da Fifa, o Brasil teve sete anos
para planejar a Copa, para alinhavar programas e projetos de investimento; e o que
fez? Aguardou ‘em berço esplêndido’ que todos os prazos se exaurissem para
investir na improvisação que leva aos ‘puxadinhos’, que conduz às ‘contabilidades
criativas’, que embica para a arroubos legislativos ‘revolucionários’ e tome pau
na Lei das Licitações, e loas, pompa e circunstâncias aos RDC’s¹... Poderia ser diferente?, como não? Vejam como
se deu na Suécia... num artigo que extraí da BBC-Brasil:
¹[ O RDC – Regime Diferenciado de Contratação –Lei 12.462, de
agosto de 2011, foi criado originalmente objetivando os Jogos Olímpicos e
Paraolímpicos de 2016, a Copa deste ano e as obras de infraestrutura e de
contratação de serviços para os aeroportos das capitais dos Estados distantes
até 350 km sedes dos mundiais. Mas, logo no ano seguinte, trataram de, através
da Lei nº 12.688, incorporar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). E neste mesmo ano de 2012, incluíram obras e
serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos de ensino (Lei nº 12.722)
e no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS (Lei nº 12.745). E como se não bastasse, no apagar das luzes
do ano passado, inseriram as obras e serviços de engenharia para construção,
ampliação e reforma de estabelecimentos penais e unidades de atendimento
socioeducativo (Medida Provisória nº 630, de 2013).
E como um cancro, uma chaga maligna, através do RDC, vão
solapando e reduzindo a pó o Estatuto das Licitações, a Lei 8.666. ]
Altos gastos fazem Suécia desistir de candidatura olímpica de 2022
A candidatura de Estocolmo
para sediar os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 foi enterrada praticamente em
bloco pelos partidos políticos suecos, com apoio do próprio prefeito da capital
sueca e também do primeiro-ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt.
Três argumentos centrais orientaram a decisão,
confirmada na sexta-feira: para os políticos suecos a cidade tem prioridades
mais importantes, a conta dos gastos para realizar o evento na cidade seria
alta demais, e um eventual prejuízo com a organização dos Jogos teria que ser
coberta com o dinheiro dos contribuintes.
"Não posso recomendar à Assembleia Municipal
que dê prioridade à realização de um evento olímpico", disse o prefeito de
Estocolmo, Sten Nordin, em declarações publicadas neste sábado pelo jornal Dagens
Nyheter. "Precisamos priorizar outras necessidades, como a construção
de mais moradia na cidade."
Nos últimos dias, diversos partidos políticos
vieram a público defender a rejeição candidatura da cidade. Na avaliação dos
partidos, o plano apresentado pelo Comitê Olímpico sueco apresentou cálculos
pouco realistas e projeções exageradamente otimistas sobre a receita da venda
de bilhetes para o evento. O orçamento previsto pelo Comitê para a realização
dos Jogos era de aproximadamente 10 bilhões de coroas suecas, o equivalente a
cerca de R$ 3,6 bilhões.
"Quando se trata de custos deste calibre, os
cidadãos que pagam impostos exigem de seus políticos mais do que previsões
otimistas e boas intuições. Não é possível conciliar um projeto de sediar os
Jogos Olímpicos com as prioridades de Estocolmo em termos de habitação,
desenvolvimento e providência social", disse o secretário municipal de
Meio Ambiente da capital sueca, Per Ankersjö, em artigo publicado quinta-feira
no jornal Dagens Nyheter.
'Especular
com dinheiro público'
A candidatura preliminar da Suécia aos Jogos foi
apresentada pelo Comitê Olímpico sueco ao Comitê Olímpico Internacional (COI)
em novembro passado. O plano do Comitê sueco foi então submetido à avaliação
dos partidos que compõem o Conselho Municipal da capital sueca, dando início ao
debate.
"Apresentar uma candidatura aos Jogos
Olímpicos seria especular demais com o dinheiro dos contribuintes. Os riscos
financeiros são grandes demais", disse o Partido Democrata Cristão
(Kristdemokraterna, um dos quatro partidos da aliança governista) em comunicado
à imprensa no sábado passado.
Já em dezembro, o primeiro-ministro sueco havia se
manifestado contra a iniciativa. Ao comentar o projeto apresentado pelo Comitê
Olímpico sueco, Fredrik Reinfeldt indicou que a conta para organizar o evento
na capital sueca seria provavelmente bem mais alta, considerando-se por exemplo
os gastos extras que seriam necessários para garantir a segurança dos Jogos.
"O prejuízo acaba caindo no colo dos
contribuintes", observou o primeiro-ministro, segundo artigo publicado no
jornal Svenska Dagbladet.
Elefantes
brancos
Pesquisa de opinião conduzida pelo jornal Dagens
Nyheter em dezembro apontou que a maioria dos suecos - 59% dos
entrevistados – apoiava a realização dos Jogos em Estocolmo. Mas, segundo o
Partido Liberal (Folkpartiet), seria uma conta alta demais para quem paga
impostos.
"Estocolmo pode acabar arcando com os custos
de uma série de instalações caras que ninguém usaria depois dos Jogos",
alertou na semana passada a secretária municipal de Educação da capital sueca,
Lotta Edholm.
"O plano do Comitê Olímpico (sueco) também
prevê que a cidade forneça acomodações gratuitas para abrigar a vila olímpica,
em moradias que foram construídas com o dinheiro público para beneficiar a
população da cidade", acrescentou Edholm.
Em editorial publicado recentemente no jornal Svenska
Dagbladet, um comentarista destacou que a experiência de cidades que já
sediaram eventos olímpicos – como Londres, Vancouver e Atenas – demonstra que
um fato é recorrente: "Os cálculos iniciais da organização do evento são
sempre mais otimistas do que a conta apresentada no final dos Jogos", diz
o texto, afirmando que "após os Jogos os contribuintes são forçados a
pagar pelos prejuízos".
"E nenhum cientista se atreve a afirmar que a
realização dos Jogos beneficia de fato o mercado de trabalho e a economia local
das cidades-sede", acrescentou o editorial.
COI
A única vez em que a Suécia sediou um evento
olímpico foi em 1912 - os Jogos de Verão em Estocolmo.
Mas Estocolmo não é a primeira cidade a rejeitar os
Jogos Olímpicos de 2022: em novembro de 2013, em um referendo popular conduzido
na cidade alemã de Munique, 52% dos moradores decidiram dizer "não"
ao evento. Segundo a imprensa alemã, a rejeição foi motivada pelos custos
elevados da organização do evento, além das exigências normalmente feitas pelo
Comitê Olímpico Internacional (COI) às cidades-sede.
Com a desistência de Estocolmo, a disputa para
sediar os Jogos de Inverno de 2022 será entre as cidades de Oslo (Noruega),
Pequim (China), Cracóvia (Polônia), Almaty (Cazaquistão) e L'viv (Ucrânia). A
escolha da cidade-sede será anunciada pelo COI em 2015.
Na sexta-feira, o COI minimizou o impacto a
desistência, alegando que a Suécia demonstrou interesse em tentar uma nova
candidatura em 2026.
A próxima Olimpíada de Inverno acontece neste ano
na cidade de Sochi, na Rússia, e em 2018 será a vez de Pyeongchang, na Coreia
do Sul.