A gestora
americana Pimco, credora da Andrade Gutierrez, garantiu fôlego extra à
companhia ao refinanciar, por três anos, uma dívida vencida na semana passada.
No entanto, cobrou caro pelo alívio.
A Pimco vai subscrever US$ 540 milhões em bônus com vencimento em 2021 a serem emitidos pela Andrade Gutierrez, de acordo com quatro fontes a par do assunto. Com a operação, que deve ser liquidada hoje, a empresa quitará US$ 345 milhões em títulos que deveriam ter sido honrados em 30 de abril. Quase a totalidade desses papéis está em fundos da gestora, um dos maiores investidores do mundo em títulos de renda fixa. O dinheiro remanescente será usado para pagar debêntures que estão nas mãos de Banco do Brasil (BB) e Bradesco.
Na prática, a Pimco vai trocar os títulos vencidos e não pagos pela Andrade Gutierrez por papéis muito mais rentáveis e garantidos pelo ativo mais valioso do grupo - as ações da CCR.
Os novos bônus pagarão cupom de 13,5% ao ano em dólares, enquanto os papéis antigos tinham taxa de 4% ao ano. A operação será lastreada pela participação da Andrade Gutierez na companhia de concessões rodoviárias. O contrato de cessão fiduciária das ações pode dar à Pimco até mesmo acesso a dividendos da CCR em determinadas condições.
A Andrade Gutierrez, em contrapartida, ganha tempo. A empresa ficou inadimplente ao deixar de pagar os bônus na semana passada, e estava desde então sob risco de vencimento antecipado de outras dívidas.
Para que o acordo pudesse ser concretizado, a Andrade Gutierrez terá de pagar aproximadamente R$ 1 bilhão em debêntures que estão com o BB e o Bradesco. Foi uma condição para que os dois bancos liberassem o uso de ações da CCR em garantia à Pimco. Parte dos papéis da concessionária já servia de lastro a empréstimos com essas instituições e havia restrições à utilização deles em outros contratos.
Isso exigiu uma triangulação. A Pimco concordou em colocar na operação mais dinheiro que o montante dos bônus vencidos. Com a sobra, a empresa quitará a dívida com os bancos e estes, por sua vez, vão liberar as garantias.
Antes de chegar a esse desenho, a companhia chegou a negociar empréstimos com o BTG Pactual e com investidores brasileiros e americanos, mas as conversas não foram adiante.
Com gestão e estratégia reformuladas, a Andrade Gutierrez é vista no mercado como um bom ativo, mas espremido em termos financeiros. Há duas semanas, o Tribunal de Contas da União decretou o bloqueio de R$ 508 milhões em bens da companhia. Após a Lava-Jato, o grupo decidiu se afastar dos negócios com o setor público e colocou o foco em obras privadas e na área de concessões.
Procuradas pelo Valor, a Andrade Gutierrez não comentou o assunto e a Pimco não retornou os pedidos de entrevista.
Com estratégia diferente, a Odebrecht também tenta levantar recursos para pagar R$ 500 milhões em bônus que venceram em abril. A empresa costura um empréstimo de R$ 2,2 bilhões com Bradesco e Itaú Unibanco, mas os bancos exigem preferência no acesso a garantia em ações da Braskem. Para isso, é necessária a aprovação de BB e BNDES, o que ainda não aconteceu. As negociações têm avançado, mas lentamente.
A Pimco vai subscrever US$ 540 milhões em bônus com vencimento em 2021 a serem emitidos pela Andrade Gutierrez, de acordo com quatro fontes a par do assunto. Com a operação, que deve ser liquidada hoje, a empresa quitará US$ 345 milhões em títulos que deveriam ter sido honrados em 30 de abril. Quase a totalidade desses papéis está em fundos da gestora, um dos maiores investidores do mundo em títulos de renda fixa. O dinheiro remanescente será usado para pagar debêntures que estão nas mãos de Banco do Brasil (BB) e Bradesco.
Na prática, a Pimco vai trocar os títulos vencidos e não pagos pela Andrade Gutierrez por papéis muito mais rentáveis e garantidos pelo ativo mais valioso do grupo - as ações da CCR.
Os novos bônus pagarão cupom de 13,5% ao ano em dólares, enquanto os papéis antigos tinham taxa de 4% ao ano. A operação será lastreada pela participação da Andrade Gutierez na companhia de concessões rodoviárias. O contrato de cessão fiduciária das ações pode dar à Pimco até mesmo acesso a dividendos da CCR em determinadas condições.
A Andrade Gutierrez, em contrapartida, ganha tempo. A empresa ficou inadimplente ao deixar de pagar os bônus na semana passada, e estava desde então sob risco de vencimento antecipado de outras dívidas.
Para que o acordo pudesse ser concretizado, a Andrade Gutierrez terá de pagar aproximadamente R$ 1 bilhão em debêntures que estão com o BB e o Bradesco. Foi uma condição para que os dois bancos liberassem o uso de ações da CCR em garantia à Pimco. Parte dos papéis da concessionária já servia de lastro a empréstimos com essas instituições e havia restrições à utilização deles em outros contratos.
Isso exigiu uma triangulação. A Pimco concordou em colocar na operação mais dinheiro que o montante dos bônus vencidos. Com a sobra, a empresa quitará a dívida com os bancos e estes, por sua vez, vão liberar as garantias.
Antes de chegar a esse desenho, a companhia chegou a negociar empréstimos com o BTG Pactual e com investidores brasileiros e americanos, mas as conversas não foram adiante.
Com gestão e estratégia reformuladas, a Andrade Gutierrez é vista no mercado como um bom ativo, mas espremido em termos financeiros. Há duas semanas, o Tribunal de Contas da União decretou o bloqueio de R$ 508 milhões em bens da companhia. Após a Lava-Jato, o grupo decidiu se afastar dos negócios com o setor público e colocou o foco em obras privadas e na área de concessões.
Procuradas pelo Valor, a Andrade Gutierrez não comentou o assunto e a Pimco não retornou os pedidos de entrevista.
Com estratégia diferente, a Odebrecht também tenta levantar recursos para pagar R$ 500 milhões em bônus que venceram em abril. A empresa costura um empréstimo de R$ 2,2 bilhões com Bradesco e Itaú Unibanco, mas os bancos exigem preferência no acesso a garantia em ações da Braskem. Para isso, é necessária a aprovação de BB e BNDES, o que ainda não aconteceu. As negociações têm avançado, mas lentamente.
Por Talita Moreira, Vanessa Adachi e Silvia Rosa,
no Valor Econômico
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