O vídeo acima é bem ilustrativo sobre a importância do trabalho em equipe.
Trabalho em equipe
“(...) Quanto
mais as organizações dão guarida às equipes da qualidade e se distanciam das
equipes inerciais, mais se revigoram, se tonificam, se fortalecem para
enfrentar os complexos desafios tipificados pelos cenários e ambientes globalizados
(...)”.
O homem é um ser social. Desde os primórdios percebeu as vantagens
de viver e trabalhar em grupo. Formar número, acumular forças, resistir às
intempéries, vencer os obstáculos impostos pela natureza, garantir a
alimentação e a sobrevivência...
O trabalho em equipe se revelou uma
necessidade perene, assegurando a sobrevivência da espécie e o domínio sobre o
habitat e o planeta.
Mas trabalhar em grupo não é tudo.
O domínio do fogo, da pólvora, da bússola,
a tecnologia da construção das embarcações e das velas, a vapor e a revolução
industrial, a tecnologia nuclear, o microchip... é o conhecimento que garante
às sociedades, nos diferentes ciclos históricos, o desenvolvimento e o domínio
sobre os demais povos.
Fazer em grupo é importante, mas o como fazer é fundamental.
Toda a história do homem é permeada de
guerras e conquistas. Os heróis nacionais quase sempre são generais, militares,
conquistadores e libertadores que - sem fazer valor de juízo sobre as razões de
suas causas - deixam por onde passam um rastro de destruição,dor e sangue.
Já nos idos de 1.530 a.C., Sekenenrê, o
primeiro libertador nacional, para libertar o Egito dos Hicsos chegou a contar
com uma força permanente de 240 mil homens.
E cada nação, em cada momento de sua história,
clamou e cultuou seu general.
Esta intensa presença militar contribuiu
para transferir para o seio das sociedades os dogmas e paradigmas da caserna,
particularmente o autoritarismo. Portanto as relações interpessoais tendem a
resvalar para o arbitrário, sejam estabelecidas no ambiente familiar ou nos grupos
de trabalho.
A INÉRCIA
Característica do cenário onde o líder do
grupo assume uma postura semelhante à do dono da bola numa pelada de futebol.
Por mais perneta e desajeitado com a pelota, será sempre o titular absoluto da
posição, ou o apito final invariavelmente soará.
Auto suficiente e loquaz, o gerente do
grupo está sempre correto e, quando numa fugaz eventualidade se faz de vencido,
é na realidade um recuo estratégico para mais a frente, em melhores condições,
tornar à carga para fazer valer suas posições.
Para compor a equipe, os critérios
preferenciais são a passividade e a absoluta obediência. O técnico deve ser
servil, jamais questionar e só se manifestar quando explicitamente convocado.
Os papéis e o ritual não permitem qualquer dúvida: "eu ordeno, você
obedece"; “quem pode manda, obedece quem tem juízo”.
Nesta estruturação a participação é
meramente formal. A contribuição individual para o coletivo se limita ao mínimo
necessário. O grupo caminha por inércia e os resultados se limitam ao trivial,
ao convencional. Inovação e criatividade são componentes fora de cogitação. O
realizado é sistemática repetição do que é feito há anos, portanto qualquer
mudança é atitude como que leviana e temerária.
Aqui os paradigmas são devotados. Só o
chefe pensa, só o chefe decide. É um iluminado, um privilegiado a quem Deus
untou com seu santo unguento, enquanto os integrantes da equipe não passam de reles
colaboradores, meros mortais.
Naturalmente, por mais diferenciado que
seja o trabalho, os resultados caem na vala comum da mesmice e da mediocridade.
A eficiência é um dogma repetido à exaustão, mas eficácia e efetividade ficam
adormecidas nas páginas densas dos dicionários.
O grupo trabalha desmotivado, cada um
preocupado, exclusivamente, com os limites de sua tarefa; há uma obsessão
maníaca pelos horários e pela frequência, e absolutamente nada é realizado além
do previsto e estipulado. Se o planejado é executado ou não, pouco importa; o que
interessa é que "minha parte" foi realizada.
Enquadrada, a equipe não tem vida própria,
seus integrantes não tem importância, são descartáveis e o projeto só sofre
solução de continuidade se perder seu chefe. Sim, pois outra peculiaridade
desta formatação é a concentração e a centralização do poder.
Ao técnico só é permitido manusear parte
dos dados e informações. Só o chefe manuseia o conjunto, mantendo assim o
controle total e absoluto sobre o processo.
Como são impermeáveis às discussões, essas
equipes se bastam. Ignoram e rejeitam contribuições de outras fontes, defendem
intransigentemente seu pequeno universo de miudezas e privilégios e vêem no
outro um adversário, ao invés de um potencial colaborador.
São equipes jurássicas, em acelerado estágio
de putrefação, exalando o cheiro nauseabundo das estruturas inertes.
Por paradoxal que possa parecer estão
onipresentes. No comércio, na indústria, nas escolas, nos bairros, no serviço
público... Aliás, é no serviço público que se estabeleceu uma vinculação
especial, com profundas raízes. Protegidos pelas súcias partidárias, se
encastelaram majestosos e reinam num mundo de faz-de-conta, repleto de papéis,
processos insolúveis, má vontade, clientelismo, fisiologismo e corporativismo.
Muitas vezes, esta concepção política de
trabalho em grupo não aparece tão claramente delineada, se travestindo de
outras facetas que na realidade redundam em variações sobre um mesmo tema.
Existem as equipes autoritárias, outras escamoteando o despotismo, e outras
ainda pretensamente "abertas", mas todas irremediavelmente viciadas, dependentes
e meras reprodutoras de valores ultrapassados.
O MOVIMENTO
Na extremidade oposta figura a equipe da
qualidade.
Aqui o líder não é imposto, mas se faz no
dia-a-dia, conquistando a preferência e o respeito de seus pares. Atua como
agente de dinamização, estimulando e aglutinando as diferentes vivências e
experiências.
A leitura que faz da vida o torna
solidário. Jamais se coloca acima ou se considera mais importante que os
demais. Seu lugar é ao lado, dentro, completamente imerso, o que torna sua
liderança algo natural, agradável e produtiva.
As discussões são fomentadas, perseguidas
a todo instante. Por necessárias à condução dos trabalhos, são sempre
interessantes, pujantes, vigorosas, vivas. É a força motriz do grupo.
A exata compreensão que o trabalho é
coletivo e o crescimento de um significa o crescimento de todos, torna a
participação intensa e nunca artificial. O sucesso ou o fracasso será mérito ou
demérito de todos. A figura do cacique é reservada às películas
cinematográficas. Muito mais que estar,
todos, na realidade, são; por isso a
alternância na gerencia é fato comum e corriqueiro.
Nesta estrutura, o autoritarismo cede
lugar à democracia. As experiências individuais são valorizadas para,
agregadas, originarem o universo coletivo. Os erros se reduzem pois todos os
esforços, todas as cabeças atuam no sentido de acertar, receptivos sempre aos
novos desafios.
Nas discussões não existem vencidos e
vencedores. Ao término dos debates só existem vencedores em decorrência do embate
das ideias originar uma terceira via que resulta da sinergia e apropriação do que
de melhor foi identificado nas postulações pregressas.
Os dogmas e paradigmas são questionados
com vigor, ininterruptamente. Não podemos continuar realizando tarefas e
atividades da mesma forma que sempre foram realizadas. Vale como ilustração a antiga
estória do peru no forno:
Natal. A garota pergunta:
-Mamãe porque a senhora assou o peru sem
as pernas e a cabeça?
A mãe pensou e não encontrou resposta mais apropriada: "Sua avó sempre fez assim”.
A criança fez com que a mãe a acompanhasse até a avó.
-Vó porque a senhora ensinou mamãe a assar o peru sem pernas e cabeça?
Cabreira com o repentino interesse da neta, por mais que a avó refletisse, não encontrou outra resposta:
-Sempre foi assim, aprendi com minha mãe.
E lá foram as três atrás da matriarca maior, a anciã que já se curvava ao peso
do século. A velhinha foi parcimoniosa e respondeu com dificuldade ao respirar: "Éramos muito pobres e nosso forno bem pequenino. O peru não cabia dentro, por isso tinha que cortar as pernas e a cabeça”.)
A mãe pensou e não encontrou resposta mais apropriada: "Sua avó sempre fez assim”.
A criança fez com que a mãe a acompanhasse até a avó.
-Vó porque a senhora ensinou mamãe a assar o peru sem pernas e cabeça?
Cabreira com o repentino interesse da neta, por mais que a avó refletisse, não encontrou outra resposta:
-Sempre foi assim, aprendi com minha mãe.
E lá foram as três atrás da matriarca maior, a anciã que já se curvava ao peso
do século. A velhinha foi parcimoniosa e respondeu com dificuldade ao respirar: "Éramos muito pobres e nosso forno bem pequenino. O peru não cabia dentro, por isso tinha que cortar as pernas e a cabeça”.)
A estruturação pela qualidade não comporta
verdades absolutas, tudo é relativo, tudo passivo de mudanças e os graus de
liberdade inúmeros. A satisfação é um quesito importante e impõe grandes saltos
ao caminhar da equipe. Os resultados extrapolam o programado, as metas são
superadas em virtude da rápida incorporação de inovações.
A confiança é o fio condutor da relação
entre as pessoas. Os horários são flexíveis e a responsabilidade integral. A
motivação é contínua, o horizonte a cada instante mais largo, os integrantes da
equipe se percebem, se enxergam, se vêem elos importantes de uma una corrente.
A descentralização atua no sentido de
valorizar as individualidades, agilizar as tarefas, melhorar a performance do
colegiado e auferir produtividade crescente. Todos têm acesso ao universo de
dados e informações, democratizando as oportunidades. O intercâmbio com outros
grupos é constante ainda que as atividades não sejam afins.
São, enfim, equipes da qualidade,
despertas, dinâmicas, receptivas aos novos desafios. Tem a leveza do movimento.
Esta política encontra plena guarida em
várias empresas e setores, mas com desmedida timidez, apenas tangencia o setor
público.
No dia a dia das organizações, estes dois arquétipos disputam o
protagonismo. Travam uma batalha titânica pela hegemonia. Quanto mais as
organizações dão guarida às equipes da qualidade e se distanciam das equipes
inerciais, mais se revigoram, se tonificam, se fortalecem para enfrentar os complexos
desafios tipificados pelos cenários e ambientes globalizados.
Nas últimas décadas, o estado brasileiro
foi sucateado para atender aos interesses de grupos de interesses, das conveniências
partidárias, contra os grandes interesses da população. Neste processo, os
servidores foram relegados a um enésimo plano e transformados, ainda, nos
vilões das mazelas do estado.
Políticas de qualificação profissional, de
ganhos de produtividade, de cargos e salários foram simplesmente ignoradas em
função de práticas arcaicas e nocivas em que imperam o fisiologismo e o
clientelismo.
Esta realidade origina quase sempre um
servidor desqualificado, desiludido e desmotivado. Adrenta-se num círculo
vicioso em que governantes vão se sucedendo, recusando a enfrentar o problema,
entram num jogo de simulações, passando a fingir que pagam salários; enquanto o
servidor indignado com a situação, finge que trabalha. E a estratégia vai se
perpetuando.
Os novos tempos exigem o imediato
rompimento deste ciclo. A sociedade comprimida, não suporta continuar pagando
pela inexistência dos serviços, ou pelos péssimos serviços prestados. E nesta
oxigenação o servidor é figura de proa, timoneiro.
Atuando nos sindicatos, entidades de
classe e movimentos sociais, vai chamando a atenção para a imperiosa
necessidade de modernizar o estado. Não a modernização falaciosa fluente na
boca de tantos e sim a modernização de fato, que coloque o estado como
instrumento ágil e eficaz das maiorias silenciosas e marginalizadas.
O servidor deve resgatar seus valores
fundamentais, destacar o seu quesito mais nobre, o que o torna especial,
diferente dos demais trabalhadores: o fato de ser um servidor do povo, de ter
como patrão sua comunidade. Confúcio se orgulhava de ter sido servidor público.
Só a incorporação desses referenciais será
capaz de remover as grandes barreiras que impedem o país de progredir e
desenvolver.
É um processo que demandará tempo, sem
dúvida. Mas tão certo como um dia após o outro.
Artigo de Antônio Carlos dos Santos,
criador da metodologia de planejamento estratégico Quasar K+