Estados Unidos e Inglaterra são duas potências que construíram a
pujança de suas economias e do progresso social investindo - de maneira
determinada e continuada - em educação.
E o exemplo foi seguido por países como Alemanha, Coréia do Sul, Austrália
e Dinamarca, dentre outros.
De há muito essas nações vêm, de forma
ininterrupta, promovendo saltos de qualidade, intensivas intervenções no modelo
educacional de sorte a torná-lo âncora do processo de desenvolvimento e
sustentabilidade.
Um dos pontos mais destacados nos modelos
vigentes nesses países é a adoção de uma política
de compromissos. Ensina o planejamento que a conquista de metas e objetivos
deriva da qualidade dos compromissos assumidos. Se algo não vai bem ou
encontra-se fora de controle, é bastante provável que a carta de compromissos
encontra-se eivada de vícios, equívocos ou simplesmente má fé.
Ao contrário do que ocorre na parte do
planeta que evoluiu, no Brasil, tanto o planejamento como a educação tem sido historicamente
tratados a pão e água. Na América Latina de forma geral, e na bolivariana, de forma particular, onipresentes
nos discursos, na verve e no proselitismo partidário, planejamento e educação foram
lançados à categoria do
(...)
bonito de falar
pois não se trata de aplicar
Quem é que não sabe
O que se deseja é enganar¹
(...)
¹Educação, do poeta popular
Quirino de Sousa
Ao se estabelecer compromissos e pactuar
responsabilidades o que se busca é a construção coletiva, o fazer solidário.
Nada que lembre o “fiz minha parte, o resto é que se dane!”; o “cada um por si
de Deus por todos”; ou o “não tenho nada a ver com isso!”. Construção coletiva
implica, sobretudo, em uma abordagem mais profunda e vertical da realidade e do
contexto: ser reconhecido e premiado quando as metas são cumpridas e, na vertente
oposta, ser chamado à responsabilidade quando objetivos e metas ficam aquém do
necessário.
Quando se avalia a educação nos países
desenvolvidos, percebe-se, claramente, que o pacto de compromissos encontra-se no centro estratégico dos modelos:
professores, coordenadores, direção e servidores da unidade educacional são
chamados a planejar suas atividades especificando objetivamente o quê, quando,
onde e de que modo fazer. Implica dizer que a equipe pedagógica é submetida a
periódicas avaliações, respondendo, sempre, pelos resultados. Quando positivos,
a contrapartida do Estado se materializa em bonificações por merecimento e
incremento do orçamento para a escola. Mas quando negativos, a resposta se
materializa em um corolário de punições e restrições como, por exemplo, a
redução orçamentária podendo, no limite, implicar no fechamento da unidade
educacional.
Outro aspecto relevante dos modelos
educacionais exitosos é a implantação do currículo
unificado. Isso no Brasil sempre funcionou de mentirinha, sempre existiu
mas de forma muito precária e artificial. Como, na terra brasilis, os problemas
de gestão são crônicos, raramente os professores se orientam e cumprem os
planos de aula e de curso. Com frequência o que geralmente ocorre é que os
próprios professores acabam definindo, unilateralmente, que capítulo do livro
ministrar, qual adaptar, qual fatiar, que seções simplesmente desconsiderar,...
Na contramão de tudo o que tem se mostrado verdadeiramente eficaz: conteúdos
pedagógicos repassados integralmente, se necessário com a reposição e readequação
da carga horária.
Um terceiro ponto compõe o tripé do arranjo
organizacional implementado nos países desenvolvidos: a aplicação de avaliações regulares ao término de cada etapa ou ciclo.
Como que purgando de um mal degenerativo,
o componente avaliação, no Brasil,
tem figurado quase que exclusivamente nos discursos de políticos e acadêmicos, como
se parlenda fosse. A cultura da avaliação está longe de se cristalizar entre
nós.
·
pacto
de compromissos
·
currículo
unificado
·
avaliações
No desafio de resgatar, no Brasil, uma educação de qualidade, colocando-a
como ponta de lança do processo de sustentabilidade, os fatos evidenciam que necessitamos
tensionar a nação, mobilizar a sociedade, porque a história tem mostrado que políticos
e governo, se adoram reverenciá-la nos discursos e palanques, na prática do dia
a dia reservam a ela não mais que chicotes e açoites.
Artigo de Antônio Carlos dos Santos, criador da
metodologia Quasar K+ de Planejamento
Estratégico e da tecnologia de produção de teatro popular de bonecos Mané Beiçudo.