A vergonhosa derrota
para a Alemanha foi como que um choque de realidade, acordamos de um cenário de
ilusões construído pela indústria do marketing a serviço de políticos
populistas e cartolas carreiristas, categorias que historicamente tem se
estabelecido incrustrados num pântano de corrupção e clientelismo.
Da babilônia
tupiniquim restaram cinzas.
Dos benefícios que
emergiriam da realização da Copa do Mundo de Futebol, como os projetos e obras
de mobilidade urbana, infraestrutura aeroportuária, hoteleira, de turismo,
transporte, trens, metrô, VLT’s, VLR’s, obras que, efetivamente, resultariam em
benefícios para a população, tudo ficou relegado a um enésimo plano, não
passaram de discurso e promessas vazias. Restaram os estádios, verdadeiros
elefantes brancos, suntuosos monumentos a eternizar nossa descomunal vergonha.
Como herança deste
projeto messiânico-eleitoreiro, irresponsável e, mesmo, criminoso, de promover
a Copa no país, e que marcará o país para toda a eternidade, choram ainda os
familiares das oito vítimas fatais, trabalhadores que perderam a vida em função
da molecagem como são empreendidas as obras de construção civil no Brasil.
Quem se lembrará
deles? Quem, senão os familiares, verterão lágrimas pelos que se foram em função
dos interesses messiânicos, grandiloquentes e escusos dos politiqueiros de
plantão?
Aqui estão as vítimas
dessa turma que achincalha o país, a língua pátria, e que considera a moral e a
ética meros adereços, descartados conforme as conveniências e as estações:
Operários mortos no
Itaquerão
• Fabio Hamilton da Cruz, 23 anos, 29 de
março de 2014
• Ronaldo Oliveira dos Santos, 44 anos,
em 27 de novembro de 2013
• Fábio Luiz Pereira, 42 anos, em 27 de
novembro de 2013
Operários mortos no Mané Garrincha
• José Afonso de Oliveira Rodrigues, 21
anos, em 11 de junho de 2012
Operários mortos na Arena Amazônia
• Marcleudo de Melo Ferreira, 22 anos, em
14 de dezembro de 2013
• José Antônio da Silva Nascimento, 49
anos, em 14 de dezembro de 2013
• Antônio José Pita Martins, 55 anos, em
7 de fevereiro de 2014
• Raimundo Nonato Lima Costa, 49 anos, em
28 de março 2013
Em outras condições,
promover a Copa do Mundo no país poderia ter se tornado uma poderosa ferramenta
para alavancar o desenvolvimento. Tivemos tempo suficiente para planejar os
projetos e ações, mobilizar os recursos, executar o necessário, mas qual?!; o
surrado estratagema de deixar tudo para a última hora para, então, asfixiar os
controles, garrotear a fiscalização e arrombar os cofres públicos, vingou mais
uma vez.
E lá se foi mais uma
oportunidade para o país dar uma guinada em direção à sustentabilidade.
Os 7X1 que levamos
dos alemães humilharam. Mas a enxurrada de ‘mal feitos’ que temos levado,
diuturnamente, de políticos-larápios e cartolas-gatunos, nos humilham, aviltam
e amesquinham muito mais.